Seca afeta qualidade do arroz em Cachoeira do Sul e na Fronteira Oeste

 Seca afeta qualidade do arroz em Cachoeira do Sul e na Fronteira Oeste

Safra gaúcha está chegando à metade

Na Fronteira-Oeste uma mancha, plantada em outubro, também mostrou a colheita de arroz quebrador.

Parece placar de jogo de basquete: 44×24, R$ 46×22 e assim por diante, alguns lotes de arroz colhidos na Depressão Central e na Fronteira Oeste gaúcha. Em Uruguaiana o arroz colhido nas últimas semanas é aquele plantado em algumas janelas de outubro que tiveram problemas de emergência por causa da seca, pegaram em cheio o frio do Carnaval e depois temperaturas extremas, com calor muito acima de 38 graus no campo durante o dia, e abaixo de 15 graus à noite. “O plantio mais atrasado e as condições do clima e do manejo atrapalharam muito o desenvolvimento do arroz”, reconhece o consultor Rodrigo Schoenfeld.

O percentual de grãos inteiros do arroz que chega para a indústria está abaixo do esperado nesta safra por causa da seca, provocando uma queda de renda para o produtor em Cachoeira do Sul. As primeiras cargas colhidas na lavoura de um agricultor no Botucaraí apresentaram um rendimento de 45% de grãos inteiros, quando o normal seria 60%. Ele relata que a consequência desta quebra é uma redução de preço da saca de 50 quilos do produto, que no seu caso despenca de R$ 47,00 para R$ 41,00.

O arrozeiro explica que a quebra é consequência da estiagem, com calor intenso e baixa umidade do ar, alguns dias em apenas 10% no verão. “Isso acaba trincando o grão e quando ele é descascado no engenho, acaba quebrando”, acrescenta o agricultor.

Os cachoeirenses colheram cerca de 18% da lavoura de 25.037 hectares. O Irga ainda não tem um levantamento sobre a produtividade média do arroz. Nas indústrias esse perfil vem sendo acompanhado com preocupação. Enquanto isso, as corretoras estão agindo no mercado para ver se conseguem adquirir canjicão, quirera, farelo e resíduos de branco e parboilizado, bastante demandado para a exportação. Entre os quebrados, os compradores chegam a pagar R$ 80,00 pelo canjicão (sacas de 60 quilos) e a quirera R$ 64,00. A tonelada do farelo alcança direcionada à expo R$ 550,00 (FOB Arroio do Meio).

A valorização se deve ao fortalecimento da demanda africana pelo produto brasileiro, uma vez que o Vietnã, terceiro maior exportador, e a Índia, a maior, suspenderam as exportações por causa do Covid-19. Enquanto o Vietnã está fazendo um a contagem dos estoques para confirmar se poderá voltar a exportar, diante da crise interna e o risco de desabastecimento, os hindus fecharam os porto e o transito de veículos de carga até segunda ordem. A expectativa é de que a Tailândia, segunda maior exportadora global, também pare as vendas externas por alguns dias.

Nas Américas, os Estados Unidos devem começar o plantio no mês que vem e estão com seus estoques praticamente comprometidos. O governo pediu uma recontagem para ver se, tendo problemas no plantio por causa do Covid-19 ou clima, há o suficiente para atender a demanda interna. Com uma quebra de 15% e 40% de sua área dirigida a grãos médios – cujo consumo predomina na Ásia, o país tem cada vez menos disponibilidades.

"A bola da vez é o Brasil e o Mercosul, mas é importante citar que todos estes reduziram as áreas cultivadas e a produção, exceto o Paraguai, mas este já arrancou exportando mais do que esperava para terceiros países" diz o trader Percio Greco.

COLHEITA

Segundo o Irga, o Rio Grande do Sul plantou 934,5 mil hectares (70 mil a menos do que na temporada anterior) e está chegando a 50% da área, exatamente aquela que foi plantada ou replantada depois das chuvaradas de outubro. Nem todos eles serão colhidos por causa da ocorrência de granizos, enchentes e secas. Estima-se a colheita de 930 mil hectares com média de 7,6 mil toneladas de arroz, o que soma, por hora, a menor safra em muito tempo: 7,068 milhões de toneladas.

Mesmo com o Coronavírus atacando, os agricultores não conseguiram parar em busca de proteção. Estão colhendo o arroz, em especial no Sul e na Região Central e Campanha, que plantaram mais tarde. Quem já colheu arroz, faz o preparo antecipado e colhe a soja em várzea ou em coxilha, ou prepara, mesmo sem umidade, a área para pastagens. Chovendo, o pasto será plantado.

1 Comentário

  • Antigamente nos anos em que dava pouco arroz e o preço subia, as indústrias apertavam o que dava as maquininha de rendimento e ele (rendimento) caia lá para baixo. Recomendo o pessoal pegar amostrar e levar no Irga para fazer análises independentes. Ademais aconteceu aquilo que eu falei. Verão quente e frio na hora de formação do grão só podia dar quebra de produtividade!!!

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