Segredo revelado
Cientistas chineses isolam
os genes responsáveis por
esterilidade de arroz híbrido.
Um grupo de pesquisadores da Universidade Agrícola de Huazhong, na China, conseguiu isolar os três genes responsáveis pela esterilidade do arroz índico-japônico, uma espécie híbrida produzida a partir do cruzamento de outros dois tipos do grão. O arroz índico-japônico foi desenvolvido a partir de duas espécies diferentes: Zhenshan 97 e Nipponbare. Esse tipo de cruzamento é comum na natureza, porém o resultado é sempre uma espécie incapaz de gerar descendentes. Até o momento, essa condição é considerada um limitante para a produção de variedades comerciais por parte dos produtores, mas por outro lado é a garantia do uso de sementes legais por parte das empresas de tecnologia.
O cientista chinês Qifa Zhang, principal autor do estudo, explica que esta descoberta era esperada há muito tempo. “Entender o que causa a esterilidade em híbridos pode ajudar os cientistas a desenvolverem métodos para desativar definitivamente esses genes”, completa Zhang. O arroz é um dos alimentos mais consumidos no mundo. O crescimento da população mundial, que no ano passado chegou a 7 bilhões de pessoas, e os efeitos das mudanças climáticas fizeram com que a produção do grão chegasse perto do limite na Ásia.
Na Indonésia, por exemplo, a demanda pelo arroz já ultrapassou a capacidade do país de produzi-lo. No Japão e na Índia, a situação não é diferente. No Brasil, há potencial para ampliar significativamente a produção, bem como no Mercosul, países considerados, ao lado da África, as últimas fronteiras para avanço da produção do grão em grandes escalas.
QUESTÃO BÁSICA
Longping: “o pai do arroz híbrido”
Na China, na década de 70, o pesquisador Yuan Longping, até hoje considerado “o pai do arroz híbrido”, conseguiu desenvolver as variedades híbridas por meio de cruzamentos que geraram a heterose, também chamado “vigor híbrido”. Isso quer dizer que o cruzamento de duas espécies diferentes de arroz para gerar o híbrido impactam em produtividade entre 15% e 25% maior, em média. Com essa tecnologia, a China conseguiu ampliar em mais de 20% sua produtividade média. Com essa tecnologia, é possível alimentar 20% da população mundial com apenas 7% das áreas agricultáveis do mundo. A única dificuldade identificada pelos cientistas foi a esterilidade dessas plantas – segredo agora revelado pelos pesquisadores e que deve gerar novas gerações de arroz híbrido em médio prazo.
