Sem estresse
Volume dos estoques não deve preocupartanto, segundo analistas.
Um dos temas que geraram maior debate entre os analistas e agentes de mercado do arroz nos últimos meses foi o número definitivo – ou aproximado – dos estoques de passagem do Brasil no dia 28 de fevereiro de 2010, quando entra o ano comercial 2010/2011 (março de 2010 a fevereiro de 2011), que comercializará a safra 2009/2010. As diversas oscilações no número do estoque final promovidas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ao longo do ano, de acordo com os volumes de importação e exportação, não só geraram desconfiança no mercado como alteraram e interferiram, em alguns momentos, em seu comportamento.
Embora considere relevante para a determinação de cenários futuros o volume do estoque de passagem, previsto pela Conab em 1,16 milhão de toneladas no seu 5º Levantamento de Safra, divulgado na primeira quinzena de fevereiro, o analista de mercados do Irga e colaborador de Planeta Arroz, Tiago Sarmento Barata, diz que o desconhecido volume do estoque privado, sim, tem peso decisivo quando se trata da definição dos preços no primeiro semestre do ano. “À exceção do ano 2008/2009, que foi influenciado por uma bolha especulativa gerada pelo mercado internacional, o preço médio do primeiro trimestre do ano fiscal é maior quando o estoque privado é menor”, revela Barata.
Segundo ele, com base nessa lógica era de se esperar preço de abertura maior que R$ 27,48 em 2010, mas os últimos dois anos ainda refletem influência da alta no mercado internacional em 2008. “Por isso foram mais elevados”, assegura. Ainda assim, Tiago Sarmento Barata afirma que a queda na produção não afetará tão decisivamente os preços ao longo do ano, como muitos agentes de mercado chegaram a estimar.
Apesar dessa safra ser menor e do produtor aparentemente estar com uma referência e expectativa de obter preços melhores em 2010, o analista Tiago Sarmento Barata acredita que a oferta terá um incremento no primeiro semestre. “Para este ano o cenário indica uma tendência de preços médios próximos aos do ano passado, pouco acima dos R$ 28,00”, comenta.
SAFRA
A safra menor influenciará o mercado mais adiante, de acordo com Tiago Sarmento Barata, pois o próprio estoque público, de aproximadamente 990 mil toneladas em fevereiro, mais a expectativa de importação em torno de um milhão de toneladas tratarão ao longo do ano de manter um teto nas cotações do mercado interno. “E tudo indica que o Governo Federal alavancará preços com mecanismos de comercialização já no primeiro semestre, o que tende a aumentar os estoques públicos”, projeta. O estoque privado estimado em cerca de 200 mil toneladas pela Conab é que ainda mantém as cotações em alta, apesar de uma queda superior a sete pontos percentuais em fevereiro.
Venda internacional é importante
Para o analista Tiago Sarmento Barata as exportações do ano comercial 2010/2011 devem cair em relação ao ano 2009/2010, mas o desempenho das vendas externas no primeiro semestre terá um papel importante para dar mais liquidez ao mercado. “Nos últimos anos a comercialização internacional foi um balizador importante para o arroz brasileiro e juntamente com os mecanismos de comercialização cumpriu papel decisivo para sustentar preços”, informa. Ainda segundo ele, com a qualidade da safra gaúcha afetada em razão do clima, haverá bastante matéria-prima disponível para as exportações de arroz parboilizado e quebrado. “Às vezes uma má notícia pode se converter em uma oportunidade. Esse pode ser o caso”, avisa.