Sem estresse
Lavoura de arroz: muitas novidades tecnológicas em 2008
Uma estudante da Universidade de Arkansas (Estados Unidos) está aplicando o estudo do arroz em nível molecular para melhorar as condições de cultivo em situações de inundação e alta salinidade. Tameka Bailey descobriu que algumas proteínas em certas plantas regulam a produção do ácido abscíssico, que lidera a tolerância ao estresse em condições de inundações e alta salinidade do solo. A pesquisadora isolou e caracterizou as proteínas responsáveis por ativar a resposta das plantas ao estresse do meio ambiente. Bailey usou a engenharia genética para criar uma variedade que expressasse grande quantidade da proteína quinase. Após os experimentos, ela descobriu que uma quantidade extra deste composto aumentava a tolerância a inundações. Tudo foi feito por meio da inserção do DNA da quinase no DNA da planta do arroz. O estudo auxilia no entendimento do mecanismo sinalizador do estresse na planta, além de ajudar o arroz na resistência a doenças e na tolerância a condições adversas do meio.
Arroz camelo
O arroz, alimento que faz parte da dieta básica de quase metade da população mundial, destaca-se também pelo grande consumo de água utilizada na produção. Mas, de acordo com um grupo de cientistas indianos, com a inserção de um gene particular o arroz transgênico pode reduzir o consumo de água em pelo menos 20%. O gene hrd-D foi identificado em uma erva tropical chamada arabidopsis. Ele é conhecido por fortalecer as raízes e ajudar a planta a tolerar a seca e os excessos de salinidade no solo – traços típicos de plantas que crescem no clima árido. Uma dupla de cientistas – Aarati e Natajara Karaba -, da Universidade de Ciências Agrícolas, em Bangalore (Índia), descobriu que é possível atribuir uma capacidade maior de tolerância à seca ao se incorporar o hrd-D em um lugar específico do genoma do arroz. A planta do arroz transgênico tem folhas com melhor capacidade fotossintética. Para que seja aprovada esta variedade transgênica, é importante o sucesso do “arroz dourado” indiano, atualmente em fase de testes no país.
Náilon de arroz
I – A casca de arroz quando queimada a céu aberto produz como resíduo uma cinza que causa danos ambientais. Leonardo Gondim de Andrade e Silva, pesquisador do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Waldir Ferro, também do Ipen, e Hélio Wiebeck, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, desenvolveram uma pesquisa que utiliza essa cinza do arroz na produção de poliamidas, conhecidas popularmente como náilon. Durante a pesquisa os autores compararam as propriedades mecânicas e térmicas de poliamidas com carga de 30% de cinza de casca de arroz com poliamidas com 30% de talco, carga mineral comumente utilizada na produção dos polímeros. A amostra de poliamida foi empregada na confecção de um conector elétrico para indústria automobilística. Os resultados mostraram que a cinza é uma alternativa viável em processos industriais.
II – Dentre as vantagens da utilização da cinza da casca de arroz na produção de poliamidas estão o melhor fluxo de material que proporciona a injeção mais fácil e obtenção de peças com bom aspecto. No entanto, Andrade afirma, na matéria, que uma limitação para o uso da cinza da casca de arroz é a cor, pois o produto final seria utilizado apenas na confecção de peças de cor preta. É importante destacar que a poliamida é usada em diferentes indústrias, apresentando grande importância econômica. O Brasil gera anualmente cerca de 400 mil toneladas de cinzas.
Arroz biofortificado

Medidor nacional
Um protótipo do medidor de alvura e transparência do arroz, desenvolvido por Tâmara do Nascimento durante o curso técnico em eletrônica do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) do Rio Grande do Sul, foi apresentado no 2º Congresso Internacional Cooperação Universidade-indústria, na Itália, no final de 2007. O medidor de alvura do arroz, resultado de pesquisa orientada pelo professor Rafael Galli, já recebeu prêmios e foi destaque em outros eventos científicos. Segundo Tâmara, o equipamento mede a qualidade do arroz polido pelo grau de alvura (brancura) e transparência do produto. As medidas são lidas por um sistema optoeletrônico, com sensores sensíveis à luz e displays para mostrar o valor correspondente de cada medida.
Nasa
A empresa KP Bombas, Válvulas e Acessórios, fabricante de bombas de irrigação, comemora o fato de ser pioneira no sul do Brasil a utilizar a tecnologia Ansys, a mesma utilizada pela Agência Espacial Norte-americana (Nasa), para a produção de rotores, hélices e turbinas. A empresa fabrica bombas irrigantes com vazão de até cinco mil litros por segundo e com diâmetro de saída de 1.200 milímetros e orgulha-se de dispor da linha mais completa do Brasil para arroz. Em 2007 lançou a bomba de irrigação flutuante com tecnologia inovadora, adaptada às oscilações do ponto de captação.
Com a tecnologia Ansys, a KP agrega qualidade e importantes vantagens para seus clientes. “A fabricação de um rotor, que levava até 90 dias, agora é concluída em uma manhã”, explica o diretor Antonio Carlos Kerber Pinho. Com esta tecnologia, a empresa se habilita a desenvolver projetos especiais para necessidades pontuais de seus clientes. Contatos pelos e-mails vendas@kpsolucoes.com e antoniocarlos@kpsolucoes.com ou nos telefones (51) 3722-5915 e (51) 3723-6843.
Beribéri
I – Fiscais sanitários, Exército e integrantes da Secretaria de Agricultura do Maranhão estão recolhendo arroz com suspeita de contaminação por micotoxinas produzidas pelo metabolismo do fungo Penicillium citreonigrum, que causa a doença conhecida como beribéri. A ação visa controlar o surto que contabilizou 603 casos em 2007, matou 42 pessoas e fez com que muitas levassem meses para se recuperar dos sintomas: inchaços, problemas respiratórios e dificuldades de locomoção. Também há casos nos estados do Pará e Tocantins. A micotoxina presente no arroz contaminado, quando ingerida, impede a absorção da vitamina B1 pelo organismo. A doença foi identificada em testes solicitados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) à Embrapa.
II – É a primeira vez que a contaminação de alimentos por essa micotoxina, chamada de citreoviridina, é descrita no Brasil. A contaminação está ligada à forma de armazenamento dos grãos, que precisam ser secos de forma adequada e mantidos em local livre de umidade. No Maranhão, estado quente e úmido, clima propício ao desenvolvimento de fungos, é comum encontrar nas pequenas propriedades o arroz para subsistência armazenado de forma imprópria. Também foi observado que quem teve beribéri apresentava dieta pobre, composta por arroz, farinha e feijão. Além do tratamento de saúde, as pessoas são orientadas a consumir verduras e proteína animal.


