Sem oferta

Produção do MT não abasteceu a indústria local.

O ano de 2010 poderia ser mais positivo para a indústria de arroz do Centro-oeste. A oferta do cereal na mão dos produtores neste último trimestre de 2010 é rara e as indústrias, sofrendo com o desabastecimento, passaram a comprar matéria-prima no Rio Grande do Sul por preços em torno de R$ 26,00 (50 quilos). No Mato Grosso, a exiguidade de oferta faz o arroz em casca custar mais caro, em média R$ 40,00 a saca de 60 quilos. 

Em razão dessa conjuntura, no dia 19 de outubro representantes do Sindicato das Indústrias do Arroz do Mato Grosso (Sindarroz-MT) reuniram-se com técnicos da Secretaria da Fazenda (Sefaz) e da Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) para propor a redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o arroz comprado em outros estados, visando reduzir custos na aquisição de matéria-prima para a manutenção em funcionamento do parque industrial. 

Na reunião, o governo do estado foi sensível à demanda e ficou definido o benefício temporário da redução de ICMS com base no Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic), no qual as indústrias de arroz estão enquadradas e que concede desconto de 85% sobre o valor do produto adquirido em outras regiões. No caso do arroz, com alíquota de 12%, este percentual cairia para 1,8%. 

De acordo com o presidente do Sindarroz-MT, Joel Gonçalves Filho, esta foi a alternativa encontrada no momento para não deixar as indústrias pararem nos próximos dias. “As medidas que foram atendidas visam dar competitividade às indústrias, pois com frete e impostos as empresas não teriam condições de buscar o cereal em outras regiões”, explicou.

 

Em busca de soluções

Um levantamento setorial mostrou que das 33 indústrias existentes no estado do Mato Grosso, apenas quatro tinham estoques suficientes para alcançar a colheita da safra 2010/11, em fevereiro próximo, abastecidas. A preocupação, segundo Joel Gonçalves Filho, é também com a questão social, pois o setor emprega hoje mais de 2 mil funcionários e, sem matéria-prima para trabalhar, serão obrigadas a demitir. “O atendimento às reivindicações do setor, ainda que em caráter emergencial, dá condições mais favoráveis para que as indústrias locais possam adquirir o produto em outras regiões do país e manter o quadro de emprego”, informa. A estimativa é de que as indústrias mato-grossenses adquiram 40 mil toneladas de arroz em casca no Rio Grande do Sul até a safra. 

O sindicalista recorda que o Mato Grosso já chegou a ter 93 empresas de beneficiamento de arroz e mais de 6 mil pessoas empregadas no segmento industrial. Nos últimos anos, contudo, problemas mercadológicos, aliados à escassez de matéria-prima no mercado local, ocasionaram o fechamento de 60 empresas no estado. “A produção, que era superior a 2 milhões de toneladas em 2005, caiu para 742 mil toneladas na última safra”, lamenta o dirigente. 

Na época, o Mato Grosso colhia um volume significativo, mas o arroz era de baixa qualidade (média inferior a 45% de inteiros), produzido em áreas de abertura de floresta para uso em pecuária extensiva ou cultivo futuro de soja, principalmente.
Hoje, apesar da significativa melhora de qualidade do produto, a maior rentabilidade da soja e a necessidade de investir num sistema de produção em áreas velhas, mais complexo e de maior custo, não atrai o volume necessário de agricultores.

Perfil
As indústrias do Mato Grosso respondem atualmente por mais de 80% do consumo de arroz no estado, cerca de 200 mil toneladas de arroz beneficiado. Apenas 20 mil toneladas consumidas no MT são oriundas de outras regiões do país. As marcas mais conhecidas dos mato-grossenses são Tio Ico, Bonini, 5 Estrelas, Tio Miro, Excelência e Kolblenz.

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