Semana arrozeira lançou olhar sobre a transformação da produção da metade sul gaúcha

 Semana arrozeira lançou olhar sobre a transformação da produção da metade sul gaúcha

Eventos da Semana Arrozeira de Alegrete mobilizaram a comunidade

A soja, que três anos atrás ocupava 25 mil hectares de terras de Alegrete, deu um salto para mais de 50 mil ha.

 Conteúdo e diversificação, tendo a tecnologia como plano de fundo. Essa foi a 12ª Semana Arrozeira de Alegrete, aberta no domingo, 26 de maio. Mas na arena de debates, montada no CTG Farroupilha este ano, além da chamada agricultura 4.0, se abordou uma diversidade de outros temas, como desenvolvimento regional, conjunturas de mercado e de consumo, manejo e outros itens referentes à lavoura e à produção agrícola do arroz, da soja e de outras culturas.

Entres as pautas, uma região que vem transformando o seu status de produção agropecuária. A soja, que três anos atrás ocupava 25 mil hectares de terras de Alegrete, deu um salto. Em 2019 esse número mais do que dobrou e quase já alcança em área o arroz, que no último ciclo ficou pouco acima dos 50 mil ha.

O avanço vem sendo constatado em praticamente todos os municípios arrozeiros da metade sul do Rio Grande do Sul. Mas nem todos vêem como bons olhos essa nova realidade. É o caso da presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete, entidade promotora da Semana Arrozeira. “Temo pelos empregos que serão perdidos, temos pela queda da receita que essa mudança vai gerar a esses municípios, já que esse dinheiro não ficará aqui”.

A dirigente se refere ao fato de a soja, em sua maioria ser exportada bruta, em grãos, sem beneficiamento. “E essas indústrias, que empregam, em várias cidades? Sem produto, é lógico que demitirão. E ai vem o comércio, os serviços e o restante que esses salários movimentam”, pondera Fátima.

Conselho e divisão

A dirigente também irá acumular a função de presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Agropecuário de Alegrete, município que além da tradição orizícola, possui o maior rebanho pecuário do Rio Grande do Sul. Ela foi escolhida por aclamação, em eleição realizada na terça-feira (28) de maio, durante a programação da semana.

Ao assumir o comando do grupo consultivo, liderado no último ano pelo agrônomo Leonardo Cera, Fátima, formada e com doutorado em Biologia, se comprometeu em dar atenção aos pequenos produtores das cadeias menores, segundo ela, à margem dos programas que os auxiliem na produção, industrialização e comercialização.

Fátima também demonstrou preocupação com outra faixa de produtores, que abrange também médios agricultores e que está distante das ferramentas tecnológicas. “ Isso vem produzindo uma incômoda sensação de atraso a muitos, que acabam optando em ir para cidade. Essa é uma perigosa divisão que temos que evitar”, falou ela no discurso inaugural do evento”.

A programação também contou com homenagens variadas. Destaque para as de quarta-feira (29), quando quatro produtores receberam o Troféu “O Tropeiro”. Entre os agraciados, o ex-presidente da Fededarroz Henrique Dornelles. Emocionado, fez um breve relato da sua atuação e agradeceu a família pelo respaldo dado enquanto dirigiu a entidade. Também foram agraciados Roque Cervi e os casais Margarida e Sérgio Segabinazzi, e Alice e José Bittencourt.

Voluntariado?

Na Semana Arrozeira, o debate do arroz não se restringiu somente às lavouras. Todas as noites, após os paineis, um cardápio diferente à base de arroz foi servido aos participantes. Responsável pela preparação é o Panela Campeira, grupo formado por doze casais, todos produtores rurais, que contribuem voluntariamente com o evento.

“Fizemos com prazer e nos divertimos. E é sempre muito bom ter esse reconhecimento de todos”, disse Élio Farenzena, um dos coordenadores da turma, criada há 16 anos e que além de Alegrete, já preparou refeições em outros municípios e estados.

Da Luz aplaudido de pé

A parte técnica da 12ª Semana Arrozeira foi encerrada na sexta-feira (31), com uma aplaudida palestra do economista Antônio da Luz, que abordou crédito e seguro rural. O senador Luiz Carlos Heinze (PP) participou também do jantar.

No sábado, um jantar-baile com a escolha da Soberana do Arroz adulta, apresentação de invernada artística de CTGs e baile, fechou oficialmente a programação.

1 Comentário

  • Extremamente coerente e bem embasado o discurso da sra Fátima, quando estabelece o paralelo entre a produção de arroz e a da soja. O fator social diga-se empregos, jamais pode ser relegado no contexto produtivo, pois a mão de obra especializada arrozeira tende a extinguir-se (já está muito difícil de ser encontrada), acarretando muita dificuldade até mesmo financeira aos familiares daqueles que dedicaram uma vida toda as lavouras de arroz.
    Parabéns pela lucidez do tema abordado.

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