Será a vez do superávit?

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Semeadura: dificuldades climáticas ainda podem restringir a produção

Área cresce no Paraguai e no Brasil, mas El Niño vai interferir na produção

A retomada da semeadura em parte da superfície que o Brasil vinha reduzindo nas últimas safras, em especial no sul, para dar lugar à soja, e a manutenção do crescimento do Paraguai. Esses são apontados como os principais motores de uma possível safra de recuperação em área e volume colhido na temporada 2023/24 nos quatro países arrozeiros do Mercado
Comum do Sul (Mercosul).

Isso se o fenômeno El Niño permitir. Até o início de novembro, por incrível que pareça, o Uruguai, em virtude da estiagem na sua região norte e o excesso de chuvas nas demais áreas, foi forçado a praticamente repetir a superfície semeada, com avanço de 0,2%. A Argentina reduzirá o espaço dedicado ao arroz.

A produtividade das lavouras do bloco deverá cair por interferência do clima, que causa, além do dano direto e destruição das lavouras, o excesso de chuvas, enchentes e baixa luminosidade, atrapalha as operações e reduz as chances de melhor aproveitamento do potencial dos insumos.

Segundo o que foi apurado por AgroDados Inteligência em Mercados de Arroz e Planeta Arroz, junto às cadeias produtivas dos quatro países, a área provável de semeadura no conjunto formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai deveria ficar 2,082 milhões de hectares, ou 2,8% acima da superfície registrada em 2022/23.

Esses dados, no entanto, são do fim de outubro, e as fortes enchentes no Paraguai, na Argentina e no sul do Brasil poderão modificar, para menos, esse quadro.

Pela estimativa inicial, a produção deveria alcançar 14,695 milhões de toneladas, 5,3% acima do registrado em 2022/23. Haveria, portanto, um aumento de 86,2 mil hectares e estimativa de que a diferença para mais em produção chegasse a 745.485 toneladas. Essa é a fotografia da cultura no Mercosul até o início de novembro. Contudo, mantido o volume de
chuvas, poderá ser alterada para baixo.

Por essas informações, apenas a Argentina reduzirá a área, em nove mil hectares, mas há consultores considerando que a área total de arroz no país de Javier Milei não passe de 155 mil hectares. São 173 mil na intenção de semeadura oficial.

Clima será decisivo nesta safra

Será preciso sopesar o avanço da tecnologia frente à incidência de um El Niño que se mostra mais severo e durará ao menos até abril de 2024, segundo meteorologistas. Dois excessos já são previstos: o de chuvas e dias nublados e o de calor. Dois fatores que interferem não apenas na quantidade por área produzida, mas, também, na qualidade final do grão e seu
desempenho industrial.

Excesso de calor na floração gera aborto das flores e interrompe e ciclo produtivo em seu potencial e, ao mesmo tempo, já no enchimento ou com os grãos formados, potencializa as trincas, reduzindo a qualidade industrial. Isso tudo acaba afetando
o preço ao produtor.

O excesso de umidade e dias nublados e abafados também geram um clima ótimo para a propagação de doenças fúngicas, com chuvas torrenciais podendo causar também o acamamento de plantas no fim do ciclo reprodutivo. Em geral, a semeadura das lavouras do Brasil, da Argentina e do Uruguai atrasou por fatores climáticos, mesmo com boa parte tendo sido preparada no intervalo entressafras. As janelas de clima favorável para o plantio foram muito curtas.

O Paraguai teve boas condições de semeadura, o que potencializou o avanço das áreas de cultivo. Porém, no início de novembro, o Rio Tebicuary, de tantos problemas por falta de volume de água sob La Niña nos últimos três anos, deixou 50 mil hectares embaixo d´água, o que pode afetar ainda mais a expectativa de baixa produtividade em algumas lavouras
guaranis. Logo, apesar do otimismo inicial, nada assegura que o aumento de área resultará em maior produção.

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