Setores abrem 4º tri em queda e mostram economia patinando

 Setores abrem 4º tri em queda e mostram economia patinando

(Por Agência Brasil) Após o PIB brasileiro recuar 0,1% entre julho e setembro e colocar o Brasil em uma nova recessão técnica, os primeiros dados relativos ao último trimestre de 2021 indicam que a economia nacional segue em ritmo de desaceleração.

Em outubro, primeiro mês do quarto trimestre, as coletas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que os setores responsáveis pela maior parcela das riquezas nacionais tiveram um desempenho pior do que o apurado em setembro.

A maior perda, de 1,2%, foi registrada pelo setor de serviços, responsável por cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto) — soma de todos bens produzidos no país. Os dados negativos da indústria (-0,6%) e do comércio (-0,1%) confirmam a dificuldade para a recuperação da economia.

“Já contávamos com sinais de fraqueza da atividade no último semestre, o que, infelizmente, vem se materializando”, afirma Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos a chance de crescimento econômico abaixo de 4,5% ao final de 2021.

A sinalização de que a economia brasileira parou de crescer, após se estabilizar das perdas causadas pela pandemia do novo coronavírus no ano passado, é indicada também pelas prévias do PIB coletadas pelo BC (Banco Central) e pela FGV (Fundação Getulio Vargas), que apontam para a queda de, respectivamente, 0,4% e 0,7% das riquezas nacionais em outubro.

A chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá, ressalta que, apesar da perda de atividade econômica registrada nos últimos meses, o Brasil tende a fechar 2021 com o PIB em um nível semelhante ao do início do ano passado.

“Os dados negativos não significam que o Brasil não retomou o patamar pré-pandemia. Agora, a mensagem é na dificuldade de começar a crescer no ao que vem”, destaca Rachel ao avaliar que houve uma desaceleração da atividade em um momento antes do esperado.

O desempenho mais fraco do que o esperado do PIB foi citado também pelo Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, que revisou de 4,7% para 4,4% a expectativa de avanço da economia neste ano. Para 2022, a previsão foi ainda pior e desabou de 2,1% para 1%.

“Surpresas negativas em dados recentemente divulgados, que sugerem perda de dinamismo da atividade e reduzem o carregamento estatístico para o ano seguinte, novas elevações da inflação, parcialmente associadas a choques de oferta, e aumento no risco fiscal pioram os prognósticos para a evolução da atividade econômica”, analisou a autoridade monetária.

Serviços

Único ramo a apresentar dado positivo entre os meses de julho e setembro, a queda acima do esperado do setor de serviços em outubro chama a atenção, apesar de ainda figurar em patamar 2,1% acima do pré-pandemia, com auxílio dos serviços prestados às famílias, única atividade com resultado positivo na abertura do último trimestre.

Sanchez explica que o desempenho positivo dos serviços no terceiro trimestre ocorreu em meio a um período em que as restrições para conter a pandemia foram reduzidas com a contribuição do andamento das campanhas de vacinação contra a Covid-19.

“O avanço da vacinação encorajou as pessoas voltaram a uma rotina próxima ao normal, que por sua vez, fez avançar o consumo de serviços, a despeito da base de comparação ser deprimida”, avalia o economista.

Para Rachel, a situação dos serviços, ramo mais afetado pela pandemia, foi revertida com a volta dos consumidores, o que ocasionou no encolhimento das demais áreas. “Durante a pandemia, as famílias passaram a gastar com o comércio, o que alavancou o varejo e a indústria”, indica ela.

Os economistas apontam ainda a alta da inflação, que figura acima de 10% no acumulado dos últimos 12 meses, como um outro entrave para a retomada efetiva do principal que mais contribui com as riquezas nacionais. “A economia nacional não emplacou por termos uma queda importante na renda e um nível elevado de endividamento e desemprego”, reforça Sanchez.

Para conter a disparada dos preços, o BC tem atuado na elevação da taxa básica de juros, movimentação que também afeta o desempenho do PIB. “Isso tende a fazer com que uma parte maior da renda das famílias seja direcionada para o pagamento dos juros e reprima o consumo”, explica Rachel.

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