Situação atual do mercado do arroz no Brasil e perspectivas para 2026

 Situação atual do mercado do arroz no Brasil e perspectivas para 2026

(Por Cleiton Evandro, AgroDados/Planeta Arroz) O mercado brasileiro de arroz atravessa uma fase de forte pressão sobre preços e liquidez, segundo análise técnica consolidada para dezembro de 2025. No Rio Grande do Sul, principal estado produtor, as cotações do arroz em casca alcançaram o menor nível real em mais de uma década, aproximando-se dos valores registrados em 2011. O Indicador Cepea/Irga‑RS fechou o dia 9 de dezembro em R$ 52,92 por saca de 50 kg, refletindo a combinação entre indústria menos ativa, demanda interna fraca e desaceleração das exportações.

Em novembro, as exportações caíram 45,3% e as importações retraíram 54,2%, resultando em menor escoamento externo e maior pressão sobre a oferta doméstica. Apesar de o saldo do comércio exterior permanecer positivo, o ritmo reduzido impede que o mercado encontre equilíbrio. No ambiente interno, a queda prolongada no consumo varejista mantém estoques elevados e limita a recuperação do beneficiado.

A semeadura da safra 2025/26 avança rapidamente no RS e já supera 94% da área prevista. Contudo, margens negativas têm levado produtores a reduzir investimentos em manejo e adubação, o que pode afetar o potencial produtivo futuro. A previsão climática para o início de 2026 indica risco de chuvas abaixo da média no sul e oeste do estado, associado à atuação de uma La Niña fraca, o que reforça preocupações sobre irrigação e regularidade no desenvolvimento das lavouras.

No mercado internacional, o Índice Global de Preços do Arroz da FAO caiu para o menor nível desde 2017. Países como Índia e Vietnã enfrentam abundância de oferta e queda nas exportações, enquanto a Tailândia registra movimentos pontuais de alta devido a fatores logísticos e medidas governamentais. O ambiente global permanece pressionado e sem sinais consistentes de recuperação de preços no curto prazo.

As projeções para o início de 2026 incluem três cenários:

• manutenção da pressão baixista, com preços entre R$ 50 e R$ 57 por saca (mais provável) diante de uma ótima oferta de arroz na colheita do Mercosul;
• estabilidade moderada caso políticas de suporte sejam implementadas rapidamente, o que a julgar pela morosidade das decisões das esferas políticas, dificilmente acontecerá;
• e recuperação parcial somente se houver impacto climático relevante sobre a oferta, o que para o arroz é menos evidente.

A conjuntura evidencia a necessidade de ações coordenadas para preservar a sustentabilidade econômica do setor e evitar retração da área plantada na próxima safra.

A procura pelo arroz em casca esteve um pouco mais aquecida no Rio Grande do Sul nesta quarta-feira, 10, mas os negócios seguiram pontuais. Conforme relatado ao Cepea, parte dos produtores, principalmente os situados próximos ao Porto de Rio Grande, se afastou do spot, atraídos pelos preços mais vantajosos para exportação – vale ressaltar que a demanda internacional voltou a ganhar força nos últimos dias, com os exportadores recompondo suas disponibilidades no porto ou arredores. O Indicador Cepea/Irga-RS (58% de grãos inteiros, com pagamento à vista) encerrou a R$ 52,49/50kg, queda de 0,81% frente ao de ontem. No mês de dezembro, o indicador já acumula uma retração de 1,48%, e chegou ao mais baixo valor em moeda estadunidense, avaliado em US$ 9,58.

Entre os consumidores, o arroz é uma unanimidade. Soltinho, empaçocado, seja como for, o brasileiro quer mesmo é arroz barato, o que está muito longe de garantir a sustentabilidade da lavoura, uma vez que produtor e até a indústria não estão conseguindo remunerar suas operações.

1 Comentário

  • Resumindo: em 2026 não paga as contas… Feliz Natal de 2026 e próspero 2027 com 50% da área plantada no próximo ano! Abraço à todos… É triste falar isso, mas a realidade está batendo na porta de todos…

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