Sob o limite da alta

 Sob o limite da alta

Barata: manter a liquidez

Baixa liquidez merece atenção da cadeia produtiva do arroz

“As cotações do arroz em casca no Rio Grande do Sul, referência para o mercado brasileiro, trabalham em novembro – e nos meses imediatamente anteriores – dentro de um limite de alta, com baixíssima liquidez, e isso indica que não há motivo
para preocupação com uma possível desvalorização antes da entrada da safra”. A opinião é de Tiago Sarmento Barata, o diretor do Sindicato da Indústria do Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz-RS).

Ele observou, porém, que o comportamento da oferta daqui para frente pode ter influência nas condições do mercado no próximo ano.

“Sabemos que será uma safra enxuta, com disponibilidade ajustada de matéria-prima, uma posição de estoques das mais baixas dos últimos tempos e uma safra que a cada semana que passa se mostra com tendência mais forte de ser menor
do que se esperava em função da condição climática e do atraso no plantio. São questões que devem ser observadas com atenção pela cadeia produtiva”, ilustrou Barata.

Segundo ele, ao aproximar-se de R$ 115,00 e superar os US$ 23,50 por saca, o arroz em casca opera em um limite de alta e, daqui para frente, esses valores, quando repassados ao fardo, vão influenciar o consumo doméstico. “Já estamos vendo que
esses valores retiraram a nossa condição competitiva no mercado externo. E as condições atuais de preços serão referência nos planejamentos de compra dos principais importadores no mundo”, acrescentou.

Neste cenário, o dirigente acredita que, sob uma condição de supervalorização acima do suportado pelo mercado, o Brasil corre o risco de não conseguir recuperar estes mercados importadores e eles se definirem como demandantes de outros
ofertantes mais competitivos.

PREÇO X QUALIDADE
Não são todos os importadores que estão dispostos a pagar mais pela qualidade que o Brasil imprime ao produto, há clientes que só são alcançados em condições muito competitivas, com potencial de fidelização pelo arroz brasileiro. Só que hoje,
também pelo câmbio, o grão nacional está entre os mais valorizados do mundo. Isso tem o aspecto positivo, mas, também, impõe à cadeia produtiva o desafio de encontrar soluções e equalizar as cotações em busca de um equilíbrio sustentável que não restrinja o acesso ao mercado.

No caso do arroz beneficiado, as restrições são ainda maiores. “Estamos fora de mercado, praticamente. Nossos concorrentes, mesmo com qualidade inferior, uma vez que o Mercosul está com estoques zerados até dezembro, têm preços inferiores. Só conseguimos competir quando o critério é a qualidade”, enfatizou.

INTERVENÇÃO
No mercado doméstico, uma alta mais significativa dos preços, que em algum momento chegará às gôndolas, poderá gerar intervenção do governo, como a retirada da Tarifa Externa Comum (TEC), e favorecer a importação. A indústria é contrária à medida e entende que a forma de evitá-la é o fluxo comercial.

Neste aspecto, por ser o produto mais barato da cesta básica, as recomposições de preços estão ocorrendo gradativamente, e o impacto é de poucos centavos por quilo, mas o arroz que está agora à disposição do consumidor no varejo foi beneficiado, em média, entre 60 e 90 dias atrás, logo, foi adquirido por valores até R$ 20,00 menor por saca.

Para Tiago Sarmento Barata, do Sindarroz-RS, os preços deverão se manter sustentados até a próxima safra e o primeiro semestre de 2024 também parece ser de cotações mais altas que no mesmo período do ano passado, mas ele chama a atenção de que é preciso que a cadeia produtiva tenha bom senso e garanta a liquidez do mercado.

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