Soja irrigada é abandonada no MT

Cultivo de arroz, entre outras culturas, está substituindo as áreas de soja com pivot central no Sul do Mato Grosso.

Primavera do Leste/MT – O plantio de soja irrigada artificialmente em Primavera do Leste (123 quilômetros de Rondonópolis) foi totalmente substituído pelo cultivo de outras lavouras como feijão, milho, arroz e trigo, conforme levantamento divulgado ontem pela Globalsat, empresa especializada em monitoramento agrícola. A migração de cultura foi a forma encontrada pelos agricultores para cumprir a determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que proíbe o cultivo de soja sob pivô central (sistema de irrigação) entre os dias 1º de julho e 1º de outubro na região Sul do Mato Grosso.

A medida visa reduzir a incidência da ferrugem asiática, uma vez que há maior ocorrência da doença em regiões próximas às áreas onde foi cultivada soja no período de inverno. De acordo com o levantamento da Globalsat, feito em agosto do ano passado, os produtores rurais do município cultivaram 3,727 mil hectares (ha) da oleaginosa. Além disso, foram plantados 1,18 mil/ha de algodão, 3,56 mil/ha de feijão, 306/ha de girassol e 229/ha de milho. O monitoramento realizado este mês, aponta que a área de soja foi extinta.

Paralelamente a isto, a área cultivada com milho saltou 406,55% no período, passando para 1,16 mil/ha. Expansão semelhante ocorreu com o feijão, cuja área aumentou 16,09%, atingindo 4,13 mil/ha nesta safra. Houve ainda a introdução de novas culturas, como é o caso do trigo, que agora ocupa uma área de 304 hectares. O arroz e o milheto também surgiram como alternativas. Atualmente, as duas lavouras ocupam 272 e 78 hectares, respectivamente.

Existe ainda uma porção de 3,09 mil/ha onde o solo está exposto, sem nenhum cultivo. Em outros 318/ha os agricultores optaram por fazer o pousio, técnica em que a lavoura é interrompida para que a terra fique mais fértil. Há também uma área de 1,43 mil/ha no município que não foram monitorados, contra uma área de 171 hectares onde não foi possível fazer o levantamento no ano passado.

O diretor técnico da Globalsat, Leandro Fabiani, explica que são extensões com informações via satélite, mas onde não foi possível aos técnicos da empresa fazer a confirmação dos dados ‘a campo’.

Apesar de disponibilizar apenas informações referentes à cidade de Primavera do Leste, Fabiani destaca que a empresa possui informações sobre os principais municípios pólo do Estado. Os dados indicam que não existem traços do plantio de soja irrigada em nenhuma das regiões monitoradas. Para ele, o resultado do trabalho aponta chances de menor proliferação da ferrugem asiática na safra 2006/2007.

– Tudo vai depender das condições climáticas, mas a probabilidade é de menor ocorrência da ferrugem porque os agricultores não estão criando um ambiente favorável para a multiplicação do fungo – frisa.

O presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, José Nardes, acredita que o fim do plantio de soja irrigada deverá retardar a ocorrência do primeiro foco da doença. Ele acredita ainda, que com a medida será possível reduzir de uma a duas aplicações de fungicidas. Ele lembra que na safra atual (05/06) os sojicultores do município fizeram cerca de quatro pulverizações. Nesta safra a previsão é que sejam necessárias de duas a três aplicações, apenas.

– Além de não plantar soja no inverno estamos recomendando aos agricultores usarem variedades precoces – ressalta.

Ele lembra que no ano passado houve uma recomendação do Mapa para que os produtores rurais evitassem o plantio de soja irrigada no período da entressafra da oleaginosa. Porém, somente este ano o ‘vazio sanitário’ passou a ser obrigatório. Segundo ele, a portaria que proíbe o plantio vale por um ano, para que seja possível avaliar os resultados de não se plantar no inverno.

– Se o ataque da ferrugem for menor a proibição continuará nas próximas safras – diz.

Documento será protocolado esta semana

A Globalsat, empresa de monitoramento agrícola, não protocolou ontem no Ministério Público Estadual (MPE) o pedido de análise técnica comparativa entre os dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea/MT) e os relatórios sobre a destruição das soqueiras de algodão na safra 04/05 elaborados pela empresa. O diretor técnico da Globalsat, Leandro Fabiani, destaca que não sabe os motivos pelos quais não foi dada entrada no pedido, uma vez que o texto que será encaminhado ao MPE está com a assessoria jurídica da empresa.

Ele garante, porém, que até o fim desta semana a Globalsat vai solicitar, via MPE, uma reunião para que seja feita a comparação entre as informações referentes ao monitoramento feito pelas duas partes. Levantamento feito pela Globalsat aponta que somente na região Sul de Mato Grosso quase 40% da área plantada com algodão não teve as soqueiras destruídas na safra passada (04/05), o que equivale a 74 mil hectares. Já os números do Indea apontam que em todo Estado foram encontradas irregularidades em uma área de 675,8 hectares.

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