SOJA: PREÇOS SE RECUPERAM, MAS…

 SOJA: PREÇOS SE RECUPERAM, MAS…

Dentro do esperado, os preços da soja se recuperaram no mercado brasileiro no segundo semestre. A média no Rio Grande do Sul chegou a bater em R$ 139,00/saco, após ter atingido a mínima ao redor de R$ 120,00 em alguns momentos do primeiro semestre. Além de prêmios melhores nos portos brasileiros, embora ainda negativos em alguns deles, Chicago subiu, puxado pelo esperado efeito climático sobre as lavouras estadunidenses, mas também pelo recrudescimento da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Dito isso, agosto iniciou com cotações menos favoráveis em Chicago, com o bushel voltando à casa próxima dos US$ 14,00 para o primeiro mês cotado, após mais de US$ 15,00 em boa parte de julho, os prêmios sinalizando ainda melhorias para o fim do ano e o real voltando a se desvalorizar um pouco.

A respeito do câmbio, o início da redução da Selic no começo de agosto provocou uma desvalorização de nossa moeda, para R$ 4,89, com tendência de continuidade desse movimento na medida em que o Copom anunciar que, nas próximas três reuniões restantes deste ano há possibilidade de novas reduções de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. Entretanto, é difícil o mercado da soja voltar aos preços do ano passado e até mesmo do início do corrente ano.

Ao fim da primeira semana de agosto, no Rio Grande do Sul, a média fechou em R$ 137,89/saco, enquanto as principais praças gaúchas negociavam o produto a R$ 134,00/saco. Nas demais regiões brasileiras, a soja oscilou entre R$ 111,00 e R$ 129,00/saco.

Um ano atrás, a média gaúcha era de R$ 179,31/saco, enquanto os valores nas demais praças brasileiras oscilavam entre R$ 156,00 e R$ 167,00/saco. Ou seja, a média gaúcha estava 23,1% abaixo do registrado um ano antes em termos nominais, o que representava exatos R$ 41,42/saco a menos.
Considerando a inflação do período, as perdas são ainda maiores. Portanto, está havendo recuperação de preços, mas ela, por enquanto, exige “pés no chão”.

Isso tende a durar até janeiro/24, quando entra a nova safra brasileira, a qual está sendo projetada em um recorde de 163,5 milhões de toneladas em caso de clima normal. Além disso, o país tem ainda 48 milhões de toneladas de soja da safra 2022/23 para vender no restante do corrente ano, podendo sobrar um estoque final anual bastante elevado.

Pelo sim ou pelo não, em tal contexto, é possível que muitos produtores que conseguirem segurar a soja para comercializar nos meses finais do ano, podem ter vantagens moderadas. Mas tais vantagens dependerão de cada caso individualmente.

Argemiro Luís Brum
Professor titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS (França), coordenador da (CEEMA/PP07GDR/UNIJUI).

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