Tendência dos preços do arroz retornar aos picos do 1º. semestre
A tendência é de valores mais altos no Rio Grande do Sul também porque as exportações estão crescentes e, se o governo mantiver o ritmo de vendas, os estoques finais serão baixos.
A valorização do preço do arroz em regiões marginais de produção está indicando um desabastecimento no Centro-Norte do Brasil, o que provocará uma corrida pelo grão do Sul do País, que vinha estável até agora. Nos últimos 30 dias, os preços em Mato Grosso, por exemplo, subiram 3%, enquanto no Rio Grande do Sul – maior produtor nacional do grão – praticamente se mantiveram estáveis. Não será surpresa se as cotações do cereal no Sul retornar aos patamares de R$ 35,00 por saco de 50 Kg, como em maio passado – ocasião em que o Governo Federal interveio no mercado, para conter a inflação de alimentos.
– Até a queda do preço internacional esperava-se que o grão chegasse a R$ 40,00 por saco de 50 Kg na entressafra. Agora é resgatar os R$ 35,00 a R$ 36,00 por saco de 50 Kg que é o valor mais alto do ano – segundo Carlos Cogo, diretor da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.
De acordo com o analista, os valores praticados em 2008 são os melhores das últimas duas décadas. Segundo ele, em dólar é o maior da história: na média histórica, o saco de 50 Kg vale US$ 10,55 e atualmente está o dobro. Na avaliação do consultor Carlos Cogo, os preços mais elevados do arroz vão estimular o plantio, que deve crescer entre 3% a 4% na safra 2008/2009, no Brasil.
Segundo ele, os valores praticados atualmente são 45,4% superiores ao mesmo período do ano passado. O resultado dos leilões dos estoques governamentais já sinaliza que não há espaço para queda de preço do cereal. Na quarta-feira passada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou mais uma oferta, com 60 mil toneladas. O ágio chegou a 17%, com valores de R$ 32,00 por saco de 50 Kg – praticamente os mesmos do mercado físico.
O mercado está demandante. Houve um interesse de compra até de outros estados, o que pressiona os preços. No primeiro leilão da Conab, em maio deste ano, 64% dos lotes foram para os estados do Sul e o restante para o Sudeste e Centro-Oeste. O fluxo das empresas em busca do grão do Sul só não é maior por causa do frete. Quando o preço do arroz em Mato Grosso custa cerca de R$ 10,00 a mais que o do Rio Grande do Sul, já vale a pena a compra do cereal gaúcho.
Atualmente, o valor praticado em Mato Grosso é de R$ 42,00 por saca de 60 quilos e de R$ 33,61 por saco de 50 Kg no Rio Grande do Sul. Convertendo em sacos de 50 Kg, o arroz do Mato Grosso está cotado em R$ 35,00 por saco de 50 Kg. Segundo Joel Gonçalves Filho, presidente do Sindicato da Indústria Arrozeira de Mato Grosso (Sindarroz), as indústrias do estado ainda estão comprando arroz de Mato Grosso.
No entanto, segundo avaliação dele, atualmente, com os valores praticados, está quase valendo a pena trazer o grão do Rio Grande do Sul. Ele acredita que, entre novembro e dezembro, as empresas de lá terão de buscar o grão mais longe. A tendência é de valores mais altos no Rio Grande do Sul também porque as exportações estão crescentes e, se o governo mantiver o ritmo de vendas, os estoques finais serão baixos.
Segundo Carlos Cogo, no final do ano-safra 2007/2008, o estoque público e o privado somarão o equivalente a um mês de consumo nacional – cerca de 1,1 milhão de toneladas.