Tiro para o alto
Ótimas cotações e demanda
impulsionam recuperação
de área semeada no Mercosul .
Deve chegar a pelo menos 5,8% a elevação da área cultivada nos quatro países do Mercosul na temporada 2020/21, cujo plantio já começou no Paraguai e em Santa Catarina, no Brasil. Com isso, o bloco comercial deverá semear, em temporada que se estende até o fim de novembro, 2.289,6 mil hectares como limite inferior, segundo pesquisa da AgroDados Inteligência em Mercados de Arroz.
O teto pode chegar a 2,309 milhões de hectares. A expectativa é de que a região alcance 14,991 milhões de toneladas de arroz, em base casca, de produção total na próxima temporada, com aumento de 2,1% no volume de colheita. O teto previsto é de 15,220 milhões de toneladas.
O Brasil, com uma expansão de 6,7% na superfície semeada, deve ser o grande motor desta recuperação. O limitante deste crescimento é a disponibilidade de água para a irrigação, com muitos agricultores contando com as chuvas de primavera para repor a capacidade de barragens e mananciais nos quatro países.
O crescimento da área cultivada, porém, não deve ter proporcional elevação produtiva. O avanço deve ser marcado pelo retorno de algumas áreas de menor rendimento e agricultores com mais dificuldades de acesso ao crédito e investimento tecnológico, o que afetará o rendimento médio e o resultado final da colheita.
O comportamento das cotações nos oito primeiros meses do ano, em especial após o surgimento da pandemia do novo coronavírus, tem sido determinante para a tomada de decisão de ampliar a superfície semeada no Mercosul. Este fator está aliado à indisponibilidade de produto para novas vendas dos Estados Unidos, de fevereiro a setembro, aos estoques enxutos no ConeSul e também aos preços mais competitivos na Argentina, Uruguai e Paraguai para exportar ao Brasil.
O balanço final da safra 2019/20, nos países do bloco, indica que apesar da redução de 2,1% na área na temporada passada, para 2,163 milhões de hectares, houve um aumento de 5,3% na colheita, que chegou a 14,68 milhões de toneladas. O clima e a alta tecnologia de manejo e genética foram os diferenciais.
Maior pressão de venda dos Estados Unidos e as importações previstas para o Brasil até fevereiro poderão ser fator de revisão destes números pelos agricultores, em especial dos países vizinhos, mas eles representam um avanço inferior a 13 mil hectares. A recuperação de área é considerada por alguns analistas como um “tiro para o alto”. A depender do cenário dos próximos meses, pode acertar o alvo ou perder-se.