Todos querem saber mais do El Niño
O Rio Grande do Sul já enfrentou, de 1900 a 2002, 30 vezes o El Niño .
O interesse pela meteorologia agrícola tem aumentado muito nos últimos anos, mostrando uma grande preocupação do homem com o comportamento de alguns elementos climáticos importantes para o desenvolvimento vegetal. A região Centro-oeste é caracterizada por dois períodos de chuvas bem distintos: um período chuvoso (outubro a abril) e um seco (maio a setembro).
Por meio do serviço de meteorologia é possível vislumbrar algumas tendências com relação às alterações climáticas. A aproximação de frentes frias, o prognóstico de chuvas, a variação de temperatura, entre outros fenômenos, podem ser conhecidos de antemão pelo produtor rural, sendo de grande valia para o manejo da lavoura.
Existem várias tecnologias para a cultura do arroz de terras altas na região centro-oeste do Brasil, dentre elas destaca-se o zoneamento agrocli-mático. Com ele, é possível estabelecer um planejamento agrícola, definindo áreas e períodos mais apropriados ao cultivo do arroz de terras altas. Por exemplo, o levantamento de risco climático para o arroz de terras altas na região Centro-oeste no período de 11 a 20 de novembro mostra a seguinte situação. O cultivo pode se estender a todo o Mato Grosso, exceto nas áreas dos municípios de Nova Canaã do Norte e Tabaporã (centro-norte); Diamantino (centro) e Araguaiana (sudeste).
Em Goiás, toda uma faixa a leste do estado (de Campos Belos ao norte a Corumbaíba ao sul, passando pelo Distrito Federal) apresenta um alto risco climático para a cultura. As localidades de Edéia, Goiatuba e Itumbiara (sul), Cachoeira Alta e Itarumã (sudoeste), Montes Claros de Goiás (oeste) e Trombas (norte) também são regiões em que, caso o produtor realize a semeadura, a cultura estará exposta a um alto risco climático.
Já o Mato Grosso do Sul possui algumas regiões de muito risco climático para o arroz de terras altas no período citado. Os municípios e adjacências de Coronel Sa-pucaia, Ladário e Bodoquena, Laguna Caarapã, Guia Lopes da Laguna e Douradina, e Ribas do Rio Pardo são áreas que apresentam um alto risco climático ao arroz de terras altas.
Este estudo, originalmente, é composto por 54 situações, considerando-se vários períodos de semeadura, distintos tipos de solos e diferentes ciclos de cultivar. Portanto, municípios citados no exemplo acima como de alto risco poderão em um outro período de semeadura apresentar baixo risco climático.
De forma geral, é possível concluir que na região Centro-oeste, para semeaduras realizadas após 20 de dezembro, o risco climático é bastante acentuado para a cultura do arroz de terras altas, exceto em algumas localidades do estado do Mato Grosso, o qual apresenta uma distribuição pluvial bastante regular. Assim, é possível realizar semeadura do arroz de terras altas até meados de janeiro em regiões localizadas no noroeste do Mato Grosso.
E o El Niño? O El Niño 2002/2003 é um fato. Embora seja considerado fraco quando comparado ao de 1997/1998. Para a região Centro-oeste, as perspectivas são de chuvas. Os períodos de semeadura estabelecidos pelo zoneamento agroclimático não deverão sofrer nenhuma alteração.