Toneladas de feijão e arroz começam a chegar aos municípios afetados pela seca

Ações do Governo do Estado no enfrentamento à seca em Irecê.

O feijão e o arroz viabilizados pelo Estado da Bahia junto ao governo federal já começaram a ser despachados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aos municípios baianos, para distribuição às famílias afetadas pela estiagem. Na unidade de Irecê foram disponibilizadas 1,8 mil toneladas de feijão e 900 toneladas de arroz. Em Ribeira do Pombal, estão à disposição dos municípios cadastrados, 200 e 100 t, respectivamente, perfazendo um total de duas mil toneladas de feijão e mil de arroz.

De acordo com o gerente da Conab, Nordnei Teixeira, ficou estabelecido o carregamento de até 12 caminhões (ou 120 toneladas) por dia, sempre cumprindo alguns critérios para manter a qualidade do produto até o destino final. “Quando o prefeito não puder vir pessoalmente, precisará fazer uma autorização, que tenha a placa do caminhão e a quantidade de produto a ser retirada, sendo a assinatura com a firma reconhecida. Estamos trabalhando em ritmo dobrado para atender, em média, 12 prefeituras por dia”.

Agendamento

Para que os itens sejam retirados nas unidades da Conab, o Comitê Estadual para Ações de Convivência com os Efeitos da Seca, coordenado pela Casa Civil do Estado, definiu que a prefeitura necessita fazer o agendamento, por telefone, na Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza do Estado (Sedes).

Teixeira informou ainda que para fazer o carregamento, a Conab exige que os caminhões e condutores estejam com a documentação em dia como o licenciamento do veículo e a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). “Para proteger da chuva e do sol, eles também têm que vir com lona. Sem essa proteção, não saem com os produtos. O caminhão tem que sair lonado”. O arroz é produzido pela agricultura familiar do estado de Tocantins e o feijão já fazia parte do estoque da Conab.

Na unidade de Irecê, por exemplo, desde o dia 14, os alimentos começaram a ser retirados pelas prefeituras. Nesta terça-feira (22), o prefeito de Canápolis, Rubiê Queiroz, assina novos convênios na Sedes, em Salvador. Ele aproveitou a viagem e, nesta segunda (21), foi pessoalmente à Conab de Irecê, onde assinou os documentos e acompanhou o carregamento do arroz e do feijão.

“Ficamos numa situação difícil com esta estiagem. Acredito que esses convênios entre os dois governos vão amenizar um pouco para nosso povo, que vai ter comida por, pelo menos, mais uma ou duas semanas”, afirmou Queiroz, acentuando que serão entregues 5,4 mil quilos de alimentos (arroz e feijão) a 900 famílias beneficiárias do Bolsa Família, em Canápolis.

Unidade experimental de palma tem ajudado criadores

Nem todas as famílias que residem em áreas afetadas pela seca têm sofrido com os efeitos do fenômeno natural. No povoado de Baixa Verde, em Irecê, uma unidade experimental de palma (Opuntia Cochenillifera,) criada em parceria com a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), permitiu que criadores não sentissem os reflexos negativos da estiagem.

Aos 43 anos, o caprinocultor Mario Machado viu na palma gigante (vegetal da família das cactáceas e resistente às mais baixas taxas pluviométricas), uma oportunidade para manter balanceada e rica em água a alimentação de bodes e cabras. Ele afirmou que produz palma há 5 anos e nos últimos dois, após assistência e acompanhamento técnicos, aumentou e melhorou a qualidade da produção.

Aceitação

Segundo o criador, a planta é utilizada em até 70% da alimentação diária dos caprinos. “Um animal adulto consome até quatro quilos de palma por refeição. Eu pico e coloco direto no cocho, duas vezes por dia. A aceitação dos animais é muito boa. Chegamos até aqui com o apoio de órgãos do governo como a EBDA e a Adab [Agência Estadual de Defesa Agropecuária]. A palma pra gente é tudo. Ajuda a superar essa dificuldade”.

Entre as informações repassadas para Mário e que o auxiliaram a atingir o estágio atual é a forma de plantio. “Antigamente, a gente plantava com 6 a 10 metros de distância uma da outra. Agora, a gente faz esse plantio adensado, num espaço pequeno como este e com alta produtividade. Não tenho prejuízo de jeito nenhum. Eu tenho é lucro”.

Em outra propriedade, também no povoado de Baixa Verde, João Machado, 45, utiliza a palma na alimentação de gado leiteiro holandês e girolando. “Usamos a palma triturada com capim e sorgo. Nossa produtividade é muito boa. Em média 16 litros por cabeça. Algumas vacas chegam a produzir 25 litros”.

Ao realizar um teste, João constatou que, quando não utiliza a palma na alimentação das vacas, a produção reduz cerca de 4 litros por animal. “A palma deu um rendimento extraordinário no leite”.

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