Trevo-persa reduz a necessidade de N e aumenta a produtividade de grãos em arroz irrigado
As terras baixas do Rio Grande do Sul (RS) estão passando por uma transformação em seu processo produtivo. Áreas que antes ficavam em pousio estão sendo cultivadas com soja, em um sistema de sucessão arroz-soja denominado de pingue-pongue. Tal transformação foi possível graças ao maior domínio das práticas de manejo dessa cultura em solos de terras baixas, principalmente aquelas relacionadas à obtenção de uma maior eficiência na irrigação e drenagem dessas áreas, pois déficit e excesso hídrico são os principais limitadores da produtividade de culturas de sequeiros em terras baixas.
Nesse contexto, tem aumentado o interesse pela introdução de forrageiras e plantas de cobertura do solo no período de outono/inverno. No entanto, durante o inverno, o solo passa por períodos maiores com excesso hídrico, o que limita as opções de espécies vegetais viáveis de serem utilizadas, devido à limitada capacidade do solo em fornecer oxigênio às raízes das plantas. Nessa condição, o trevo-persa (trifolium resupinatum L.) tem se mostrado promissor devido a sua capacidade de adaptação a solos encharcados e aos benefícios que promove ao arroz cultivado em sequência, conforme foi observado em um experimento conduzido por quatro safras (2018/19-2021/22) na Granjas 4 Irmãos, localizada no município de Rio Grande (RS), (Figura 1). O arroz se beneficia do nitrogênio (N) fornecido pelos resíduos do trevo-persa, aumentando a produtividade entre 5 e 11%, dependendo das doses de N mineral utilizadas, sendo que quanto menor a dose, maior é a porcentagem de aumento da produtividade do arroz.
Nesse trabalho, estimou-se que é possível reduzir em até 14,1% a dose de N via adubação, devido à contribuição do N contido nos resíduos de trevo-persa. O cultivo dessa leguminosa no período de inverno, em sistemas de produção de arroz irrigado, é uma alternativa promissora, pois tem uma alta capacidade de produção de matéria seca e contribui para o aumento de N ao solo, com reflexos na menor necessidade de adubação de N em arroz.
Cristiano Weinert1, Filipe Selau Carlos1, Rogério Oliveira de Sousa1, Edegar Mateus Bortoski2, Maicon Lages Campelo2, André Barros Matos2.
1UFPel
2IRGA