Um 2012 para ficar na história
Já as importações, que até agosto estavam abaixo dos níveis das exportações, em setembro ocorreram ao contrário, resultando num leve aumento da oferta interna, gerando expectativa de aumento das compras do produto no mercado internacional. Além disso, a estagnação do dólar no patamar de R$ 2,00 vem facilitando as exportações, o que dá mais sustentação de preços altos. Mesmo assim, a balança comercial no período ainda é significativamente positiva, de 472 mil toneladas. Isso demonstra que o Brasil está sendo competitivo e conseguindo, com isso, reduzir a pressão de oferta interna.
Agora, pelo lado da oferta interna, a redução da área semeada em 2011 teve impacto positivo nos preços desde o início de 2012, quando a cotação média já apontava uma tendência altista. O mês de janeiro fechou com as cotações médias para o mercado gaúcho acima do preço mínimo estipulado para o Rio Grande do Sul, de R$ 25,80 por saca de 50 quilos em casca. A partir de então, os preços praticamente seguiram uma escalada, com alguns períodos de acomodação, mas chegando a patamares próximos a R$ 40,00 no começo de outubro. Contudo, alguns fatores começaram a pesar e os preços começaram a recuar a partir da segunda quinzena de outubro.
Porém, o clima favorável nos principais estados produtores e a influência do El Niño, trazendo mais chuvas e recuperando a maioria dos reservatórios de água durante o terceiro trimestre, trouxeram expectativa de aumento de área em relação às estimativas anteriores, causando, assim, impacto baixista nos preços. Ainda, o período de vencimento das dívidas de custeio dos produtores de arroz forçou a venda de parte de seus estoques privados no começo de outubro, o que, consequentemente, causou a desvalorização do produto no curto prazo. Na primeira quinzena de novembro, os preços ainda andaram de lado.
Entretanto, o período de entressafra deverá manter os preços em patamares elevados pelo menos até o final do ano, mesmo com a projeção de aumento de área cultivada frente às estimativas anteriores e das importações.
MERCOSUL
No Mercosul, as chuvas trouxeram esperança aos produtores do cereal, que já pretendem aumentar a área cultivada, mas sem deixar de considerar os preços de outras commodities agrícolas, que alcançaram patamares recordes em certo momento e que poderão influenciar negativamente na área plantada nos países do bloco.
Na Argentina, a área deverá ser praticamente a mesma, de 236 mil hectares, e a produção deverá ter leve aumento auxiliado pelo clima, estimado em 1,550 milhões de toneladas ou 1% maior. No Uruguai, a área deverá ter acréscimo de 5%, evoluindo de 174 para 182 mil hectares, com elevação de 7% na produção, projetada em 1,420 milhões. No Paraguai, deverá aumentar 11%, e a produção com alta de 12%, de 430 mil toneladas. Por fim, no Brasil, a expectativa é de leve queda da área, de 2,4%, puxada fundamentalmente pela valorização de outras culturas, como soja e milho. No entanto, a produção deverá ser praticamente a mesma, favorecida pelo clima.
Sendo assim, o quadro de oferta e demanda do Mercosul, bem como do Brasil, deverá ter um estoque de passagem bem abaixo dos níveis apresentados em anos anteriores. Em âmbito de bloco dos países do Cone Sul, a queda do estoque deverá ser de 33%, sendo um montante de aproximadamente 2 milhões de toneladas, enquanto que no Brasil a queda é mais expressiva, de 37%, de 1,62 milhões de toneladas.