Um ano difícil
2014 não será fácil
para os exportadores
de arroz do Brasil
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Outra dificuldade, segundo ele, são os preços do grão no Brasil, que estão altos em comparação aos praticados pelos principais países concorrentes. “A Ásia adotou uma política de preços baixos, caso da Tailândia, que é balizador mundial de preços. A Índia é outro concorrente forte do Brasil, cujo produto se iguala em termos de qualidade. O Brasil não tem uma política de exportação como os EUA e a Tailândia, então o governo deveria incentivar essa política, porque precisamos de suporte oficial para ampliar a participação no mercado externo, compensando as dificuldades burocráticas, tributárias e operacionais geradas por fatores que compõem o chamado Custo Brasil”, considera.
Na análise de Alexandre Selk, são muitas as dificuldades para que o Brasil possa ser reconhecido como um importante player no comércio internacional de arroz. Segundo ele, o fluxo irregular das exportações torna o país um fornecedor eventual e, nesta condição, não consegue estabelecer vínculos comerciais mais fortes. “Os anos dourados da participação nacional nas vendas mundiais, ou foram provocados pela crise americana que elevou as commodities a preços irreais (2008-09), ou foram sustentados por forte participação do governo ao mercado interno (2011/12)”, descreve.
Conforme Selk, apesar de algum incremento nos volumes exportados em anos considerados ruins e do bom desempenho nas vendas em contêineres, o Brasil volta a ter nos quebrados de arroz o maior volume de exportação, como era antes de 2008. “Avançamos muito pouco. Desde que a Índia cancelou as barreiras às exportações e com as políticas equivocadas da Tailândia, os preços do arroz na Ásia, nosso principal concorrente nas vendas ao continente africano, caíram em níveis impossíveis de competir. Se as exportações brasileiras chegarem a 1 milhão de toneladas neste ano comercial, no meu entender, já terá atingido um volume surpreendente”, afirma.
O superintendente do Porto de Rio Grande, Dirceu Lopes, no entanto, garante que, nas condições atuais, o porto tem plenas possibilidades de realizar a exportação de arroz do RS. “Para o segundo semestre de 2015, com a construção de um novo armazém na Tergrasa, teremos uma capacidade estática dedicada ao arroz de 80 mil toneladas. Isto evitará o compartilhamento com outros grãos. Com a qualificação e modernização do cais do porto novo com previsão de término da obra para 2016, faremos o aprofundamento para 14 metros, propiciando, assim, a entrada de navios maiores. Igualmente, iremos abrir novas áreas específicas para trabalhar com este produto”, informa.
Dirceu Lopes acrescenta que, nos últimos três anos (2011, 2012 e 2013), foram escoadas pelo Porto de Rio Grande 4.548.106 toneladas de arroz, sendo 2.463.806 a granel e 2.084.300 em contêineres. O presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Cláudio Pereira, também não vê problemas em atingir a meta prevista para as exportações do cereal para este ano: “Já exportamos mais de 2,5 milhões de toneladas de arroz há alguns anos com a estrutura disponível pelo Porto de Rio Grande. Assim, acredito que chegaremos tranquilamente a 1 milhão de toneladas até fevereiro de 2014”, assegura.