Um olho no custo, outro na safra
O arrozeiro terá que manter um olho nos custos e outro no avanço do plantio para organizar sua comercialização e buscar resultados. O comportamento das novas lavouras e da oferta deve interferir na formação de preços a partir de março de 2019, quando inicia novo ano comercial, mas também refletirá até 28 de fevereiro, quando encerra a atual temporada. Antônio da Luz, economista chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), reconhece que a expectativa de redução considerável na área gaúcha para 2018/19 associada a uma line up do Porto de Rio Grande, projetando exportações de 200 mil toneladas em novembro e outras 30 mil em dezembro, são indicativos de que os preços internos devem experimentar nova reação.
“Outubro é um mês histórico de baixa, vencem EGFs, renegociações, custeio e produtores negociam arroz para fazerem caixa e enfrentarem despesas de plantio. O desaquecimento nesta época é natural”, frisa o economista. Para ele, a confirmação de superfície cultivada em 1,007 milhão de hectares, 70 mil menor do que na temporada passada no RS, prevista pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), pesará nas cotações. Nos últimos quatro anos o Irga acertou a intenção de plantio.
“O mercado trabalha com expectativa de menor oferta e, ainda que tenhamos uma balança comercial neutra no ano que vem, os estoques serão menores, a colheita também, a safra do Mercosul encolherá, então, mesmo o real recuperando valor frente ao dólar, os fundamentos apontam preços em média mais altos em 2019”, diz. Fri
Luz lembra que a projeção de safra menor no Brasil e Mercosul tende a levar as indústrias pequenas e médias às compras este ano, sob pena de, mantida a retração da safra, terem problemas e pagarem mais caro no segundo semestre de 2019. “A lógica é as grandes indústrias, onde estão concentrados estoques, terem poder de fogo, mas as pequenas não podem se dar ao luxo de ficar sem produto com a matéria-prima subindo”, diz.
CUSTO
O Departamento de Economia da Farsul indica que a orçamentação média da produção do arroz, comparando as datas-bases de setembro nas safras 2017/18 e 2018/19, tem elevação de 9%, passando de R$ 7.928,48 para R$ 8.680,21 o hectare. O custo final só pode ser identificado após a colheita, com todas as etapas concluídas.