Um pé na lavoura, outro no mundo

 Um pé na lavoura, outro no mundo

Pery Coelho: uma nova lavoura é possível, dentro e fora da porteira

Irga faz 65 anos propondo um novo momento para a lavoura gaúcha.

A lavoura de arroz do Rio Grande do Sul, responsável por cerca de 50% da produção brasileira, vive um novo momento do ponto de vista político e tecnológico. Mesmo com clima adverso, mantém produtividade crescente e a busca de práticas de excelência. A nova fase está relacionada ao lançamento do Programa Arroz/RS, uma proposta de eficiência e sustentabilidade, acima de tudo, focada em três linhas de ação: pesquisa e extensão, comunicação e difusão, e socioeconomia. 

Trata-se de um plano estratégico que se traduz em produtividade, competitividade, abertura de novos mercados e qualificação dos agentes da cadeia produtiva, do produto e do meio ambiente. Segundo o presidente Pery Francisco Sperotto Coelho, o Programa Arroz/RS propõe um resgate do vigor que o instituto demonstrou em seus 65 anos de existência ao desenvolver importantes tecnologias para que a lavoura gaúcha seja responsável pela metade da produção nacional.

Questão básica
O Programa Arroz/RS é uma proposta que soma iniciativas dos pesquisadores, do conselho, dos arrozeiros e dos funcionários do Irga. E vontade política. O primeiro foco foi a produtividade. A plataforma tornou-se um programa de estado e propõe o aumento da produtividade média gaúcha em uma tonelada entre 2004 e 2007.

 

Alvo: produtividade

O primeiro objetivo do Programa Arroz/RS foi aumentar a produ-tividade da lavoura gaúcha. Dados da Estação Experimental do Arroz (EEA/Irga) mostravam que o potencial produtivo das variedades gaúchas era até quatro vezes maior do que os resultados. O gargalo estava nas falhas de manejo – que impedem as plantas de expressar seu potencial – e na deficiência para transferir a tecnologia da pesquisa até a lavoura. 

A média de produtividade gaúcha há 17 anos se mantinha na faixa de 5,3 mil quilos/hectare, com picos de até 5,7 mil quilos em anos de clima muito favorável. A estagnação fez perder competitividade, mesmo com aumento de participação no mercado nacional. Nessa média de crescimento produtivo por hectare, o RS levaria 100 anos para aumentar mil quilos por hectare. 

PROJETO 10 – Reunindo as melhores práticas de manejo desenvolvidas na estação para as diversas fases da cultura e observando as lavouras de alta produtividade do estado, o Irga desenvolveu o Projeto 10, que na época buscava otimizar o manejo e alcançar produtividade de 10 mil quilos por hectare. Em dois anos o objetivo foi superado. “Queremos levar a todos os produtores gaúchos essas práticas de excelência dos projetos de alta produtividade”, explica Pery Sperotto Coelho. Os projetos CFC, Capacitação e Treinamento, Clearfield, de sementes e de melhoramento genético também foram fundamentais para esta nova fase da orizicultura do RS. O Programa Arroz/RS está propondo o aumento de produtividade de uma tonelada em quatro anos.

Questão básica
Duas outras ações estão em andamento com foco no mercado internacional. O Irga estuda a possibilidade de, junto com a CNA e outros países, ingressar na OMC com pedido de abertura de painel de arbitragem contra os subsídios de até 160% concedidos ao arroz pelos Estados Unidos. Por estes meios, os EUA obtêm vantagens no mercado internacional e represam a produção do Mercosul, causando severos prejuízos ao mercado do bloco. O instituto, com apoio do Icone, também apresentou argumentos à delegação brasileira que irá participar da 6ª Conferência Ministerial da OMC, em Hong Kong. Nesse encontro serão tratados o acesso aos mercados e a eliminação de subsídio à exportação. 

 

Objetivo: mundo

Com um conjunto de ações que promovem a produtividade da lavoura a pleno vapor, o Irga está abrindo uma nova frente de trabalho. A busca de novos mercados para o arroz gaúcho. Um convênio foi assinado com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para traçar o perfil da economia do arroz no estado e realizar comparações com o país e o mundo. Assim, será possível avaliar as potencialidades do estado. 

Em busca de sustentabilidade para a cadeia produtiva e equilíbrio para o mercado nacional, o Irga estabeleceu quatro linhas de ação com foco internacional: o Projeto Exportação, contrato com o Icone, estudo sobre uma ação na OMC contra os subsídios dos Estados Unidos e a formação de uma divisão técnica para negócios internacionais. O diretor comercial do Irga, Rubens Silveira, revela que o Projeto Exportação quer identificar e buscar soluções de logística e mercados para a venda de arroz gaúcho ao exterior. O arroz quebrado nacional encontrou um nicho, com importante aumento das exportações em 2004, tendência mantida em 2005. 

INTERNACIONAL – O Irga contratou a consultoria do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone) para buscar informações sobre o comércio mundial de arroz e qualificar uma equipe que dará origem à Divisão de Direito e Comércio Internacional da autarquia. Ela terá a missão de atender às demandas da cadeia produtiva gaúcha e agir como facilitadora de negócios internacionais. O foco será na exportação, prospecção e abertura de novos mercados. A consultora contratada dará o suporte necessário em negociações importantes como a Alca, União Européia, a Rodada de Doha e mesmo dentro do Mercosul.

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