Uma dose de refinamento produtivo
Gesso e calcário
podem ajudar a reduzir
brechas produtivas
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A produtividade do arroz irrigado no Rio Grande do Sul está abaixo do potencial genético e do manejo preconizado, o que interfere diretamente na renda do agricultor e na sua capacidade de investimento na lavoura. Este cenário leva à busca de maneiras para aumentar o rendimento por área e/ou reduzir custos em busca de viabilidade econômica. E a rotação tem se mostrado uma alternativa importante.
Pesquisa do SimulArroz, a partir de 144 lavouras gaúchas, verificou maior eficiência produtiva onde houve rotação com soja (arroz-soja) ou pousio (arroz-pousio) em relação ao monocultivo contínuo (arroz-arroz). Isso demonstra que onde é possível adotar a rotação, tais modelos são mais sustentáveis, pois reduzem a brecha de rendimento observada na repetição arrozeira.
Um dos resultados mais interessantes do projeto, segundo o graduando em Agronomia na UFSM, Rafael Silveira Milanesi, foi que em lavouras de alto nível tecnológico, com volume de grãos maior que 180 sacas de 50 quilos por hectare, o uso de calcário promoveu o aumento de 20 sacas, em média, no resultado. “A partir desta constatação, a correção do pH em áreas nas quais a lacuna produtiva não é tão alta se mostra uma ferramenta importante para alcançar o potencial produtivo”, explica.
“Outra hipótese é que em áreas com textura arenosa do solo e nas quais a orizicultura irrigada é realizada há vários anos consecutivos pode haver maior produtividade com a reposição do enxofre”, acrescenta Nereu Streck, um dos professores orientadores da pesquisa com Alencar Zanon.
Sobre este tema, cinco experimentos foram realizados na safra 2017/18 no Rio Grande do Sul em parceria com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e Cooperativa Tritícola Sepeense (Cotrisel). Neles foram avaliados três sistemas de cultivo distintos: monocultivo de arroz irrigado, rotação com soja e rotação com pousio em terras baixas.
Foi avaliado o desenvolvimento da lavoura arrozeira e seu rendimento por área com a realização de calagem e gessagem. Foram testadas três doses de calcário dolomítico (zero, 0,5 e uma vez a dose recomenda para pH 5,5) e três doses de gesso agrícola (zero, uma e duas vezes a dose recomendada, calculada pela fórmula NG = 50 * % argila), além de avaliar a interação entre esses fatores.
DIFERENÇA
O trabalho está na fase final de coleta de dados e análise. Preliminarmente, foi observada diferença no crescimento e desenvolvimento das plantas no monocultivo de arroz para tratamentos com duas doses de gesso agrícola frente à testemunha. Esse resultado vai ao encontro da hipótese de que em lavouras localizadas em áreas de solo de textura arenosa e cultivado há mais de 30 anos consecutivos sem a reposição de enxofre, feito o caso avaliado, o fornecimento deste elemento às plantas propicia melhor desenvolvimento, maior área foliar fotossinteticamente ativa e fechamento de entrelinha mais rápido.
A resposta foi observada em maior quantidade de biomassa nos tratamentos com enxofre. Através dos resultados dessa pesquisa espera-se apresentar alternativas para o manejo da lavoura arrozeira gaúcha por meio do uso de ferramentas não convencionais, e que devem ser revisitadas, sobretudo em momentos onde o preço baixo e o custo alto oneram o rizicultor gaúcho. O estudo será repetido em 2018/19.