Uma luz nos portos

 Uma luz nos portos

Superprodução nacional procura o mercado externo para equilibrar preços

Se de um lado o Brasil está sendo pressionado pelo ingresso dos excedentes do Mercosul, por outro está buscando espaço no mercado internacional e conseguindo um relativo sucesso na venda de arroz para terceiros países. O país vem encon-trando um nicho interessante para colocar o arroz quebrado (canjicão), subproduto que está mantendo os preços equilibrados, na faixa de R$ 25,00 o saco de 60 quilos para exportação, graças à procura pelos exportadores. Isso tem movimentado os portos. 

As exportações brasileiras em 2005 (março e abril) já totalizaram 36.236 toneladas de produto beneficiado ou 53,2 mil toneladas base casca. Quase a totalidade é de arroz quebrado. “Nos dois primeiros meses do ano as exportações já correspondem a 58% do volume de negócios de 12 meses da safra 2003/2004”, comemora o diretor da Federarroz, Marco Aurélio Tavares. 

Segundo ele, se forem mantidas essas médias, e a expectativa é positiva, o Brasil poderá ultrapassar o volume de 300 mil toneladas expedidas para o mercado internacional, mais do que a meta estimada de 250 mil toneladas. O crescimento seria de 248% sobre as 92 mil toneladas base casca exportadas em 2004. Desta forma, o Brasil, que é um dos 10 maiores importadores de arroz do mundo, está conseguindo buscar novos mercados, ampliando os canais de comercialização e, principalmente, reduzindo os excedentes de produção, que acabam sendo o principal fator de depressão dos preços no mercado interno. 

CÂMBIO – A queda no câmbio, porém, pode atrapalhar o fechamento de novos contratos. A maioria dos contratos de março e abril foram fechados com o dólar valendo mais de R$ 2,70. O analista Tiago Sarmento Barata lembra que mesmo com volumes ainda incipientes, aos poucos o setor vai adquirindo know-how e os entraves logísticos vão sendo superados. O Peru e os países africanos já surgem como os principais mercados. “Neste sentido, a exportação de arroz em união com os países vizinhos, já tradicionais exportadores do cereal, parece ser uma provável solução. Afinal, o Mercosul foi criado com esse objetivo”, destaca. 

DE GRAÇA – O analista da Safras & Mercado, Aldo Lobo, vê esta situação com olhos mais críticos. “De certa forma, já era esperado. O Brasil está praticamente dando os quebrados e importando arroz inteiro dos países vizinhos”, comenta. Segundo ele, de qualquer forma, é importante exportar os quebrados para retomar participação no mercado e porque existe muito produto com esse padrão estocado no país. 

Questão básica
A exportação de arroz quebrado e uma ação mais forte no sentido de transformar os grãos manchados remanescentes da safra 2004/2005, principalmente no Centro-oeste, são medidas consideradas muito importantes por todos os analistas para reequilibrar o mercado. “Mesmo que boa parte dos estoques brasileiros da safra passada seja formada por quebrados ou arroz manchado, pouco procurados para o consumo e com baixo valor agregado, este volume fica pressionando o estoque e os preços”, frisa Aldo Lobo, da Safras. Retirando volume significativo desses produtos do mercado, a pressão seria amenizada.

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