Uma questão de oportunidade

 Uma questão de oportunidade

Análise da produtividade
no Rio Grande do Sul
mostra espaço para evoluir
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Para garantir a segurança alimentar em nível global e acompanhar a crescente demanda por arroz, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) projeta a necessidade de aumentar as colheitas em 26% até 2035, sem danos ao meio ambiente. A necessidade de gerar mais alimentos e energia está levando o mundo científico a pensar a agricultura em novo patamar, o da “intensificação sustentável”, ingrediente a considerar para consolidar a Segunda Revolução Verde.

A estimativa das lacunas de produtividade, do espanhol “brecha de rendimiento” ou do inglês “yield gap”, são determinadas pelas diferenças entre os máximos resultados por área e os rendimentos produtivos médios obtidos a campo. Os estudos identificam fatores de manejo que limitam o resultado por área, o que permite direcionar linhas de pesquisa e aprimorar as práticas adotadas.

Análises mundiais,realizadas desde 2009, em trigo, arroz e milho identificam que a máxima lucratividade é alcançada quando as produtividades atingem 80% do potencial das lavouras. Esta abordagem motivou a criação do projeto Global Yield Gap Atlas – Gyga (www.yieldgap.org) –, esforço mundial para diminuir brechas de rendimento de várias culturas ao redor do planeta.
No Brasil, os estudos sobre lacunas de produtividade são incipientes, realizados apenas para as culturas de cana-de-açúcar, milho e soja. A equipe SimulArroz, em parceria com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), lidera o projeto “Lacunas de produtividade em arroz irrigado e soja em terras baixas no Rio Grande do Sul” desde 2015, o que é um grande desafio.

Para o arroz, o potencial será calculado a partir do modelo SimulArroz, quando a cultura cresce sem limitação de nutrientes, irrigação ou competição com plantas daninhas, e a produtividade média é oriunda da aplicação de questionários em 250 lavouras. Assim será possível estimar lacuna de eficiência no arroz gaúcho e iniciar a identificação dos fatores que impedem melhores resultados em ambientes de produção com diferentes níveis tecnológicos. A aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da UFSM, Giovana Ghisleni Ribas, da Equipe SimulArroz Região Central, é responsável pelo estudo com orientação de Nereu Streck e Alencar Zanon.

POTENCIAL
Os pesquisadores identificaram que o potencial médio de arroz no Rio Grande do Sul é de 13.500 quilos por hectare, maior do que nos Estados Unidos (11.500 quilos por hectare) e menor do que no Uruguai (14 mil quilos por hectare). No território gaúcho foi identificada uma lacuna de 54% do potencial produtivo, enquanto na China é de 27% e na África, 60%. Assumindo que os rizicultores poderiam explorar até 80% do potencial de produção, a conclusão é de que há espaço para, com as tecnologias adequadas, tornar mais eficientes e buscar melhores resultados nas áreas arrozeiras.

QUESTÃO BÁCISA

Para aumentar a produtividade média do grão no estado, os pesquisadores consideram importante incentivar ações que envolvam produtores que atingem 80% do potencial produtivo e outros que ainda precisam buscar mais eficiência com roteiros técnicos e a transferência produtor a produtor, com orientação de extensionistas. O objetivo é transferir tecnologia e conhecimento através da troca de experiências. O conhecimento e a adoção de práticas mais eficientes determinarão os resultados.

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