Variedades brasileiras em prospecção

 Variedades brasileiras em prospecção

  O Brasil é um dos poucos países do mundo que ainda dispõe de populações extensivas de germoplasma silvestre de arroz em condições naturais – na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal Mato-Grossense – isoladas de cultivos comerciais e, portanto, sem a introgressão de alelos da espécie cultivada. Por isso a Embrapa e seus parceiros mantêm permanente prospecção destas variedades para o Banco Ativo de Germoplasma. No Brasil ocorrem quatro espécies silvestres de Oryza: O. alta, O. grandiglumise e O. latifolia, todas alo tetraploides (2n = 48 cromossomos) com genoma CCDD, e O. glumaepatula diploide (2n = 24 cromossomos), com genoma AA.

Destas espécies, a O. glumaepatula é a que tem maior potencial de uso no melhoramento genético por ser autógama e diploide e possuir genoma semelhante ao da espécie cultivada. Segundo o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão Paulo Hideo Nakano Rangel, o centro de pesquisas, em parceria com outras unidades, vem utilizando esta espécie no desenvolvimento de um programa de pré-melhoramento com o objetivo de incorporar seus genes em linhagens/cultivares elites que serão usadas na ampliação da base genética das populações do melhoramento de arroz irrigado visando a obtenção de cultivares de alta produtividade e outras características agronômicas de interesse.

A Embrapa, desde 1992, em parceria com outras instituições de pesquisa do Brasil, vem desenvolvendo um programa de mapeamento e coleta de espécies silvestres de arroz. Foram realizadas sete expedições de coleta de espécies silvestres de arroz no Brasil, sendo duas no estado do Amazonas (1992 e 1993), uma no Mato Grosso do Sul (1994), uma em Goiás (2001), uma no Mato Grosso (2002), uma em Roraima (2005) e uma no Tocantins (2006).

Fontes de melhoramento genético
Os programas de melhoramento genético têm grande interesse no uso das variedades tradicionais para ampliação da base genética das novas cultivares comerciais de arroz. Tal necessidade é explicada pelo fato de que com o início da Revolução Verde um grupo restrito de genitores elite vem sendo utilizado no melhoramento, o que tem reduzido o ganho genético para produtividade e aumentado a suscetibilidade destas cultivares a novas raças de patógenos.

Ciente da importância da conservação das variedades tradicionais e objetivando minimizar a perda crescente deste material pelos efeitos da erosão genética, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com outras instituições de pesquisa e de extensão rural, vem desenvolvendo desde 1979 um amplo programa de coleta deste germoplasma tradicional em várias regiões do Brasil. “Até o momento foram realizadas 20 expedições de coleta, abrangendo 14 estados, assim distribuídas: três no Maranhão, duas em Minas Gerais e no Tocantins, três em Goiás e uma no Piauí, Ceará, Espírito Santo, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima, Rondônia, Amazonas e Acre”, explana Paulo Hideo Nakano Rangel, curador do BAG da Embrapa Arroz e Feijão.
Ao todo, foram coletados cerca de 3 mil acessos de arroz.

A multiplicação dos acessos em telado

FIQUE DE OLHO
Os principais desafios do BAG Arroz para o futuro são: a) finalizar a organização do acervo; b) promover o uso intensivo dos acessos de arroz armazenados; c) potencializar o desenvolvimento de pesquisas com recursos genéticos de arroz; d) consolidar o BAG Arroz como um BAG nacional; e) buscar fontes externas para financiamento do BAG Arroz.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter