Desempenho dos preços segue fraco com varejo esperando retrações

 Desempenho dos preços segue fraco com varejo esperando retrações

Exportação de arroz está bem abaixo do desempenho do ano passado.

(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados/Planeta Arroz) A última quinzena foi marcada por muitas informações desconexas, negócios mais falados do que efetivados e as cotações levemente em declínio, marcadas pelo desinteresse de venda dos produtores e de aquisição por boa parte da indústria e também pela demanda dirigida às exportações que segue fraca em comparação com as últimas temporadas.

Nos 27 primeiros dias do mês, o Indicador do Arroz em Casca no Rio Grande do Sul Esalq-Senar/RS acumula queda de -2,68%, com a cotação média de R$ 74,34, equivalente a US$ 13,81. No mercado livre, comercializações realmente efetivadas giraram entre R$ 73,00 e R$ 74,00 a liquidar e até R$ 78,00 a “levantar” na propriedade, dependendo da região.

A boa notícia dos últimos dias foi o anúncio de uma exportação de 28 mil toneladas para a Costa Rica e a entrada de outra trading no mercado para fazer posição, mas ainda sem negociação confirmada no mercado internacional. A média de preços – final porto (FAS) – foi de R$ 77,35 por saca, considerando o frete, abaixo das referências de mercado. Esse foi mais um negócio de oportunidade, uma vez que o cliente enfatizou a preferência pelo arroz brasileiro.

Notou-se, por exemplo, que algumas grandes empresas produtoras preferiram garantir o volume de negócios e comercializar lotes grandes na faixa de R$ 72,50 final – descontado frete – a comercializar lotes pequenos com algumas indústrias que ofertavam cerca de R$ 1,00 acima. É uma mudança interessante na mentalidade do grande produtor, que pode nos levar a especular que esteja associado a uma preocupação com o estoque que está sendo carregado no Rio Grande do Sul e uma interferência negativa nos preços, uma vez que ainda é cedo para a liberação de armazéns destinados a receber grãos da nova colheita. O navio aportará na segunda quinzena de outubro e ainda não foi nomeado.

Com a nova safra dos Estados Unidos, e os preços por lá ainda marcando passo mesmo com a queda de 15% na produção, e a América Central e a Venezuela tendo realizado novas compras no Mercosul e, principalmente, nos EUA, a expectativa é de que novos negócios de arroz em casca só devem acontecer a partir da segunda metade de dezembro. Para isso, é preciso que os preços estejam competitivos no Brasil, o que pode ocorrer em função do câmbio, dos valores praticados internamente, e do interesse dos clientes pela qualidade brasileira.

Portanto, no mercado do arroz em casca, seguem as preocupações e cresce a expectativa de que novos carregamentos possam ser viabilizados apenas em 2022.

BENEFICIADO

Já o mercado do arroz beneficiado para exportação segue com dificuldades de negociação por causa do custo de transporte e logística, que está praticamente um por um, ou seja, o preço do transporte em contêiner está muito próximo do valor do branco. Traders reportaram negociações que não se tornaram viáveis porque o valor da tonelada do grão era US$ 580,00 enquanto o frete custaria US$ 520,00.

No mercado do branco uma experiência está sendo realizada por indústrias e tradings brasileiras com o carregamento do grão ensacado e acondicionado em big bags no porão dos navios. O objetivo é baratear o frete – normalmente realizado em contêineres – e manter-se na disputa do mercado, especialmente o do Peru. Ainda assim, o valor do transporte e da logística foram considerados fora da realidade.

Mais no início do mês, outra trading fechou uma exportação de arroz branco para Cuba. São 30 mil toneladas que devem ser embarcadas nos primeiros dias de outubro. Um segundo navio, que chegou a ser anunciado, acabou sendo fechado com fornecedores argentinos cujos preços eram mais competitivos. Em agosto já havia partido um barco da mesma trading com 30.450 toneladas em direção a Cuba. Seria um arroz “mais fraco”, segundo agentes de mercado.

MERCADO INTERNO

O mercado brasileiro do arroz beneficiado vem mostrando estabilidade e números similares aos do período de pré-pandemia. A indústria segue sendo pressionada pelo varejo que mantém o comportamento de aquisições apenas dentro do seu planejamento básico, sem formar maiores estoques. O varejo percebe retrações nos preços dos fardos e conta com novas quedas até a próxima colheita em função dos estoques gaúchos, que são considerados altos.

As indústrias de Goiás, São Paulo e Minas Gerais que entraram com mais força nas compras de arroz em agosto e setembro no Rio Grande do Sul, durante a greve de caminhoneiros do Paraguai que durou algumas semanas, informaram a normalização do abastecimento. No entanto, demonstram temor com a queda da oferta de grãos de qualidade no trimestre final do ano, uma vez que a safra paraguaia foi menor, a oferta tem escasseado e a próxima safra paraguaia só deve começar em dezembro e o grão precisa descansar até 60 dias.

A retração nas exportações uruguaias também preocupa. O temor de alguns agentes é de que os uruguaios precisem “desovar” parte da produção no Brasil uma vez que pode ter mais dificuldades de posicionar-se no mercado internacional. Apesar disso, os uruguaios estão retomando espaço no mercado peruano de arroz branco de alta qualidade.

TENDÊNCIAS

Diante deste cenário, a expectativa é de que os preços do arroz em casca se mantenham em declínio, pressionados pelos estoques mais altos, vencimento de contratos de financiamento da comercialização e consumo “normalizado”. A oferta mais forte dos EUA, a colheita na América do Norte e parte da América Central, são complicadores que podem retirar do mercado nossos principais consumidores internacionais.

PREÇO AO CONSUMIDOR

Os preços aos consumidores, nas seis capitais pesquisadas por Planeta Arroz, seguem apontando queda, em especial em função das ofertas para o pacote de cinco quilos. As médias pouco se moveram, mas para baixo, e o teto manteve-se praticamente sem alterações.

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