Recuperação dos preços tem outras razões

Mercado internacional altista, expectativa de salvaguardas e clima são coadjuvantes num cenário de recuperação parcial dos preços do arroz.

Além da falta de arroz de maior qualidade no mercado nacional, outros fatores estão interferindo nesta reação que as cotações do produto experimenta desde a semana passada. Entre elas destaca-se a recuperação dos preços do produto no mercado internacional.

Em dezembro, por exemplo, mesmo a Tailândia batendo um recorde de exportações este ano com 10 milhões de toneladas, o arroz TAI 100%B subiu para US$ 283,00 a tonelada/FOB, ante US$ 263,00 em novembro. O produto vietnamita que estava cotado a US$ 250,00 T/FOB na semana passada, abriu mercado nesta quarta-feira cotado a US$ 255,00. O produto norte-americano, em entressafra, registra preços de US$ 330,00 para a tonelada do arroz Long Grain 2/4.

“Esperamos que esta tendência interfira também na zona do Mercosul e no Brasil”, explicou o consultor de mercados Marco Aurélio Marques Tavares.

Uma significativa redução nas importações brasileiras em dezembro também pode estar se refletindo no mercado. De um fluxo próximo de 100 mil toneladas/mês que o mercado acenava, em dezembro apenas 72 mil toneladas foram importadas no total. O fato da importação brasileira total ficar bem abaixo das 1,4 milhão de toneladas que eram projetadas por alguns analistas apenas para o Mercosul também está interferindo.

Alguns segmentos e analistas trabalhavam com um estoque de passagem de até 2,5 milhões de toneladas de arroz no Brasil nesta safra, mas já reduziram praticamente pela metade. A Conab estima o care over em 1,3 milhão de toneladas.

SALVAGUARDAS

A expectativa da criação de salvaguardas de até 50% sobre os preços do arroz importado no mercado brasileiro, diante de ações administrativas e judiciais promovidas pelo setor de produção, é também um fator coadjuvante que interfere no mercado. Ou seja, um saco de 50 quilos que entrava no Brasil a US$ 8,00 passaria a custar US$ 12,00, considerando o custo de produção e um plus de renda mínima que poderá ser assegurado como resultado das ações. A concorrência, mesmo do Mercosul, seria limitada.

CLIMA

A falta de chuvas que está atingindo algumas regiões do Rio Grande do Sul e as principais zonas produtoras do Uruguai e da Argentina começam a indicar que a expectativa de produção e produtividade inicial não deverá se confirmar. Muitas lavouras brasileiras e do Mercosul deverão enfrentar problemas pela seca. A salinização das lagoas do Sul gaúcho e no Uruguai também devem interferir negativamente na produção. Esta tendência está interferindo também nos preços.

Para o consultor Marco Aurélio Marques Tavares, é importante que os produtores saibam que apesar desta ligeira recuperação, em fevereiro começa uma nova safra e que é preciso estar mobilizado para que a existência de mecanismos de comercialização e exportação governamentais gerem um cenário favorável para 2005. “Serão vitais estes mecanismos”, explicou.

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