Arrozeiros protestam no posto de Aceguá (RS)
Produtores montam acampamento por tempo indeterminado.
Um protesto contra a importação de arroz reuniu ontem centenas de produtores gaúchos em Aceguá. O grupo montou acampamento às margens da BR-153, a 300 metros do posto da Receita Federal. Doze caminhões ficaram presos no pátio da Receita.
Os produtores prometem bloquear a estrada até que o governo federal se manifeste sobre a pauta de reivindicações, que inclui empréstimos subsidiados e compra de parte da colheita. Segundo o presidente da Associação dos Agricultores da Região de Bagé, Ricardo Zago, um dos organizadores do protesto, a previsão é de que mais de 400 produtores de 13 municípios integrem o acampamento até o final da semana.
Ontem à tarde, chegaram ao local produtores rurais de nove cidades: Aceguá, Bagé, Hulha Negra, Restinga Seca, São Gabriel, Dom Pedrito, Pedras Altas, Candiota e Pinheiro Machado. Hoje, devem se instalar representantes de Tapes, São Borja, Caçapava e Quaraí.
A mobilização estava prevista para acontecer em diferentes pontos da Fronteira Oeste, mas os arrozeiros decidiram ontem concentrar o protesto em uma das principais portas de entrada do arroz uruguaio, a aduana de Aceguá.
– Nenhum caminhão vai passar pela estrada – ameaça Zago.
Os produtores querem que seja montada uma barreira fitossanitária no local e que amostras do produto sejam enviadas para o laboratório da Universidade Federal de Santa Maria para serem analisadas. Segundo o dirigente, parte do arroz vindo do Uruguai pode estar contaminado com fungo.
Os manifestantes exigem a criação de uma linha de empréstimo ao produtor, com taxas mais baixas, e um acordo de compromisso de compra do arroz, caso o preço de mercado da saca de 50 quilos seja inferior a R$ 30. Conforme a categoria, devido à concorrência do arroz importado o preço da saca está em R$ 20, abaixo do custo de produção, calculado em R$ 30.
– A solução passa por uma decisão de governo, não apenas pelo nosso trabalho – disse Valdir Donicht, um dos produtores que se integrou à mobilização.
Com o objetivo de estabilizar o preço de mercado do arroz, a Bolsa Brasileira de Mercadoria/RS (BBM) negociou ontem 45,8% dos 3.704 Contratos de Opções Privadas ofertados. Da oferta, 3.148 contratos (27 toneladas cada) era do Estado, tendo sido vendidos para a indústria um volume de 1.141. Dos 556 contratos disponíveis em Santa Catarina, 210 encontraram compradores. O preço de exercício foi de R$ 27, com base em descontos.
AS REIVINDICAÇÕES
– Suspensão das importações ou taxação do arroz importado em 50% para compensar os desequilíbrios tributários e cambiais do Mercosul (salvaguardas)
– Controle rigoroso de peso e exames fitossanitário na entrada de arroz nas fronteiras
– Garantia de venda da safra: implementação de mecanismo oficial de comercialização por meio de contratos públicos de opção para o excedente nacional de AGF
– Revisão do preço mínimo do arroz, defasado em relação aos custos reais de produção
– Não aprovação dos índices de produtividade agropecuários do Ministério do Desenvolvimento Agrário pois penalizam mais de 50% da lavoura gaúcha
Fonte:
Movimento Independente de Produtores Rurais em Defesa da Atividade Sócio-Econômica do Arroz.