Produtores de arroz inauguram área para armazenagem e secagem de grãos

O beneficiamento do grão como o mercado paulista, além de aumentar os ganhos dos produtores, pode ter um efeito regional positivo, que é o de fazer subir o preço local, pela concorrência com compradores que pagam mais.

Os cerca de cem arrozeiros sócios da Cooperativa dos Produtores de Arroz Pré-Germinado de Arroio Grande terão um motivo especial para celebrar a safra 2006/2007. Hoje às 19h, ocorre a inauguração das instalações da área de secagem, armazenamento e beneficiamento do grão que foi arrendada pela entidade, por cinco anos, de outra cooperativa, a Extremo Sul.

Ocupando uma área total de dez mil metros quadrados, localizada na zona urbana de Arroio Grande, as instalações têm uma capacidade para 400 mil sacas de arroz e entrarão em atividade já em fevereiro.

Criada em 1999 e reunindo produtores não somente de Arroio Grande, mas também de outros municípios da região, como Pelotas e Jaguarão, a cooperativa coloca em prática uma tese defendida há mais de seis anos pelo agrônomo, especialista em agronegócios e advogado José Nei Telesca Barboza, que atua em Pelotas. Há algum tempo, dirigentes da cooperativa de Arroio Grande mantêm contatos com o agrônomo e suas idéias.

Barboza prega que os arrozeiros devem eles mesmos beneficiar suas produções. E a razão é simples, se o produtor assume o beneficiamento, a diferença entre os preços do arroz em casca e o do beneficiado vai para o bolso de quem planta. E esta diferença pode ser bastante significativa.

Baseado em levantamentos feitos no mercado nacional, o agrônomo verificou que o lucro bruto, se o produto for comercializado em São Paulo, pode chegar a 70%, ficando entre 20 e 30% o lucro líquido, neste caso.

– O caso de Arroio Grande é um exemplo a ser seguido por outros – diz o especialista em agronegócios, que palestra para os sócios da cooperativa, durante os atos de inauguração de hoje.

O beneficiamento do grão como o mercado paulista, além de aumentar os ganhos dos produtores, pode ter um efeito regional positivo, que é o de fazer subir o preço local, pela concorrência com compradores que pagam mais. Algo semelhante ocorreu nesta safra do pêssego, lembrou o agrônomo, quando a fruta recuperou o preço de compra pelas indústrias.

LACUNA

Para o assessor comercial da cooperativa de Arroio Grande, Sílvio Kosby, a entrada em funcionamento das instalações também auxiliará a resolver uma carência que o município apresenta em secagem e armazenamento do arroz.

– A unidade estava parada e surgiu a oportunidade do negócio. Nosso foco é o cooperativismo – afirmou.

Agrônomo defende tese da diversificação

Em sua palestra Inovações em agronegócios, José Nei Barboza, que produziu inclusive DVDs sobre o tema, fala sobre a importância do beneficiamento pelos produtores e vai mais além.

– É preciso buscar novas formas de utilização do arroz. Podemos fazer dele biscoitos, massas, pães, bolachas, chips e tudo que a imaginação permitir – destaca.

Barboza ainda acrescenta:

– O arroz é um cereal com um potencial de geração de produtos incalculável. O que é preciso, é que ele passe a ser consumido não somente na hora do almoço, como o complemento tradicional do feijão, mas em todos os momentos e de todas as formas.

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