Arroz mato-grossense tem preço superior ao gaúcho

As cotações maiores naquele estado podem ser explicadas pela oferta reduzida do cereal – decorrente de uma safra menor e pela “retenção” do grão por parte dos produtores.

Os produtores de arroz de Mato Grosso estão vivendo duas situações inéditas neste ano: os preços são até 15% maiores que os do Rio Grande do Sul e, pela primeira vez no Brasil, conseguem vender a safra antecipadamente. As cotações maiores naquele estado podem ser explicadas pela oferta reduzida do cereal – decorrente de uma safra menor e pela “retenção” do grão por parte dos produtores, que aguardam preços mais elevados para o segundo semestre.

Com isso, tem varejista levando o cereal do Sul para o Centro-Oeste. Pelos cálculos da Safras & Mercado, o produto gaúcho chega a Mato Grosso R$ 0,50 por saca mais barato.

Joel Gonçalves Filho, presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz de Mato Grosso (Sindarroz) diz que há estimativas de uma quebra na safra de até 15% e, aliado a isto, o produtor estaria segurando o grão, na expectativa de cotações nos níveis de R$ 35 a saca, no segundo semestre.

– Historicamente, o preço do Rio Grande do Sul foi sempre entre 20% a 30% mais caro que o de Mato Grosso – afirma.

– A produção será muito maior que o esperado, por isso os preços estão altos – diz Ângelo Maronezzi, da Agronorte – ex-presidente da extinta associação de produtores do estado.

Venda Antecipada

Para incentivar o uso de uma nova cultivar no estado, o Sindarroz quer que as indústrias locais ofereçam contratos de compra antecipada do grão. O produtor venderia o cereal a R$ 22,50 a saca, na fazenda, para entrega na colheita do ano que vem – o presidente do Sindarroz afirma que historicamente as cotações médias do cereal são próximas a R$ 19 a saca.

Gonçalves Filho explica que a nova variedade – cambará, desenvolvida pela Agronorte – é mais resistente a temperaturas altas, não sofre acamamento e permite o plantio em áreas velhas. Hoje, cerca de 70% da lavoura no estado é da cultivar primavera.

Maronezzi diz que a nova cultivar permite não ter monoculturas – o arroz era cultivado para a abertura de áreas.

O potencial produtivo é de 4,5 toneladas por hectare – atualmente a produtividade média do estado é de 2,7 toneladas por hectare. Gonçalves Filho acrescenta que o incentivo da indústria via permitir a continuidade da lavoura na estado, uma vez que não haveria mais sustentabilidade com a necessidade freqüente de abertura de novas áreas.

– É um incentivo para o desenvolvimento da cultura. Evidencia expectativa do setor na qualidade do produto – diz Tiago Barata, analista da Safras & Mercado.

Leilão de opções

Ontem o governo realizou o sexto leilão de opções, com 95% dos lotes comercializados a R$ 25,18 a saca para entrega em setembro.

– A cada leilão, o mercado empurra uma desvalorização do produto – diz Barata.

No próximo dia 25 ocorre leilão de Prêmio de Escoamento do Produto (PEP), que ofertará subvenção para 70 mil toneladas de arroz do Rio Grande do Sul, com referência de R$ 22 a saca.

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