Números da Conab para o arroz causam polêmica

Os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a oferta e demanda de arroz estão sendo contestados por analistas e corretores.

Os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a oferta e demanda de arroz estão sendo contestados por analistas e corretores. Segundo eles, a estatal teria errado nas projeções de estoque final da safra atual e da passada. Os números teriam ajudado a derrubar os preços na entressafra.

– Pelos números da Conab, faltaria arroz. E os orizicultores retiveram o produto esperando alta nas cotações. O que não ocorreu – diz Isaías Tólio, da Tólio Corretora.

Segundo ele, o mercado estava a R$ 26 a saca (50 quilos) e chegou a R$ 17.

No levantamento de dezembro, a estatal divulgou que os estoques finais da safra passada seriam de 1,1 milhão de toneladas e os da atual, 20,1 mil toneladas negativas.

– Isso só é possível no campo teórico, mas no campo físico não é aplicado – diz Carlos Cogo, da Cogo Consultoria Agroeconômica.

Segundo os especialistas, não existe “estoque negativo” porque aumenta-se a importação. O diretor de Logística e Gestão Empresarial da Conab, Sílvio Porto, diz que no caso do estoque final da safra atual houve um erro de digitação em uma das variáveis e o número foi corrigido para 279 mil toneladas (positivas).

Cogo aponta outro “erro” no levantamento da Conab divulgado este mês: estoque final da safra passada é projetado em 1,5 milhão de toneladas. No entanto, quando soma-se todo o quadro de suprimento (estoque inicial, produção e importação) e diminui-se o consumo interno e a exportação, o resultado é 1,1 milhão de toneladas, ou seja, uma diferença de quase 400 mil toneladas. Porto argumenta que houve um ajuste nos dados, incluído em nota de rodapé da divulgação, após a detecção deste volume nas mãos dos produtores.

– Até o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) corrige seus números. Não faz sentido acharem que queríamos manipular o mercado – argumenta Porto.

Ele acrescenta que a empresa tem se empenhado em reduzir erros ao usar, por exemplo, o geoprocessamento para a apuração da colheita. Cerca de 70% da área cultivada no Rio Grande do Sul, onde ocorreu o erro na informação do estoque, usa o chamado “Geosafras”.

O assessor comercial da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Marco Aurélio Tavares, diz que após a queda dos preços na entressafra, a cadeia produtiva solicitou ao Instituto Riograndense do Arroz (Irga) que fizesse um levantamento dos estoques. Número que foi repassado à Conab e que se refere à nota de rodapé indicada por Porto. Ele diz que a inexistência desse número real ajudou a deprimir os preços.

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