Sul mira mercado mundial de arroz

Um dos produtos em que é mais visível o reposicionamento no mercado é o arroz.

O papel do Brasil como celeiro do mundo passa a ter uma dimensão maior na safra 2007/2008. Com potencial para incrementar as exportações das principais commodities o País irá aumentar sua oferta de grãos em 7,9% e se prepara para colher 142,12 milhões de toneladas.

Um dos produtos em que é mais visível o reposicionamento no mercado é o arroz. No último mês, o Brasil reduziu em 60% as importações e agora o Rio Grande do Sul quer se tornar um player mundial no comércio do grão. Aproveitando a disparada dos preços, os rizicultores do estado pretendem dobrar as exportações, destinando 10% da safra 2007/2008 às vendas externas, num total de 700 mil toneladas.

Mesmo com o avanço nas exportações o mercado interno não deverá ficar desabastecido, mas os consumidores irão continuar sofrendo com a aceleração dos preços. “O mundo vai passar para outro patamar de preços de comida. Os governos nos últimos anos subsidiaram a produção e agora talvez tenham que subsidiar de outra forma, subsidiar o consumo”, avalia Rubens Silveira, diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Ontem o preço do arroz subiu o máximo permitido pela Bolsa Mercantil de Chicago, após um ciclone inundar 5 mil quilômetros quadrados de terras agrícolas em Mianmar e a Malásia começar a importar o grão da Tailândia.

Por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) o governo já anunciou que não irá suspender as exportações como forma de conter os preços no mercado interno, por se tratar da primeira vez após três safras que os preços do arroz ultrapassaram os custos de produção.Hoje o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) divulga o estoque de milho do país que deve apresentar um nível bastante baixo. De acordo com o analista da cultura na Safras & Mercado, Paulo Molinari, a safra mundial não consegue compensar a queda da safra norte-americana. “Por isso o fluxo de exportação e dificuldade de reposição devem dar suporte aos preços”, afirmou.

O último número de estoque norte-americano foi lançado no mercado foi de 32,56 milhões de toneladas, mas especula-se que o volume não seja nem metade do apresentado.

Diante desse cenário o Brasil pode repetir o desempenho verificado em 2007 nas exportações de milho. A marca de 11 milhões de toneladas vendidas no ano passado foi o melhor desempenho do País. “Até agora 3 milhões de toneladas já foram vendidas e o restante irá depender do que ocorrer na Bolsa de Chicago nas próximas semanas”, ressaltou.

No Brasil esse ano deve haver um aumento dos estoques finais, de 976 mil toneladas para 2,8 milhões de toneladas. “O Brasil tem sorte porque garantiu uma safra cheia e está com o abastecimento garantido”, disse o analista.

No mercado da soja o Brasil deve continuar se beneficiando com a retração dos estoques globais já que o aumento de 2% na produção sul-americana não compensou a queda de 19% da safra dos EUA.

Em ano de safra cheia, com a previsão de colheita acima de 45 milhões de toneladas o café é o grão que deve registrar o maior índice de recomposição de estoques o que, de acordo com Gil Barabach, analista da Safras, não implicará numa reversão da tendência positiva dos preços. “Mesmo com a nova safra o volume nos estoques permanece baixo e a queda do preço deve ocorrer apenas na chegada da safra, se recuperando no segundo semestre com a proximidade da safra menor no próximo ano”, destacou.

Apesar da queda dos estoques do complexo soja no mercado interno – de 40%, 34% e 23%, para soja, óleo e farelo, respectivamente – o País permanece com um superávit de produção que permitirá a remuneração do produtor sem gerar desabastecimento.

O trigo, mesmo com o aumento de 71,2% na produção continua sendo o maior problema brasileiro na questão de abastecimento. Diante disso ontem a Câmara de Comércio Exterior (Camex) autorizou a importação de mais um milhão de toneladas de trigo de fora do Mercosul, com isenção de impostos. Serão duas cotas adicionais de 500 mil toneladas de trigo até 30 de junho.

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