Arroz para fazer… papel!

specialistas descobriram novas maneiras de desenvolver o produto. Quem sai ganhando é a natureza.

Aquele velho papel que exige derrubada de árvores, grande quantidade de água, energia e produtos tóxicos para ser fabricado pode estar com os dias contados. Especialistas descobriram novas maneiras de desenvolver o produto. Quem sai ganhando é a natureza. Duas novas fontes de obtenção de papel são suas velhas conhecidas: o arroz (sim, o arroz!) e o plástico. Parece estranho, mas é verdade.

Estudos foram feitos na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo. Aqui, a doutoranda em Engenharia e Tecnologia de Materiais Tatiana Magalhães participou de uma pesquisa para confeccionar papel a partir de casca de arroz. Segundo Tatiana, a produção de casca de arroz no mundo chega a 80 milhões de toneladas ao ano. Somente em solo gaúcho, foram 1,16 milhão de toneladas na safra 2003/2004.

– Há alguns anos, quase tudo isso ia para lavouras e fundo de rios, num descarte prejudicial e criminoso. As cascas contêm aproximadamente 32% de celulose, o que possibilita sua inclusão num processo de obtenção do papel – explica Tatiana.

Como a casca tem 21% de lignina (que dá rigidez ao papel, tornando-o quebradiço), alguns processos químicos continuam sendo necessários para a fabricação – apesar de menos poluentes do que os empregados hoje.

Em São Paulo, o papel sintético faz sucesso. A novidade é produzida com plástico urbano jogado no lixo. Os resíduos são triturados, misturados a substâncias, submetidos a altas temperaturas e, ao final do processo, fundidos novamente para dar forma às folhas.
Vários problemas são solucionados de uma só vez graças à ideia: a quantidade de plástico nos aterros diminui, a vida das árvores é mantida e muitos tratamentos tóxicos são evitados. Inclusive aquele que envolve a obtenção da cor.

– Mesmo que seja papel reciclado, é necessário branquear, o que gera muito impacto na natureza – diz a coordenadora da pesquisa de São Carlos, Sati Manrich.

Em 10 anos de estudos, o papel sintético tornou-se atraente devido à resistência à ação do tempo. Alguns aprimoramentos, no entanto, devem ser feitos. Tintas à base de água e canetinhas hidrográficas não fixam bem na superfície. O papel sintético já existe em outros lugares do mundo, mas o grande diferencial brasileiro é o fato de ele ser feito com plástico jogado no lixo, e não o virgem. Isso o torna ainda mais sustentável.

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