Retração antecipada

Área cultivada com arroz deve diminuir no MT
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 Maior produtor de arroz no Centro-oeste e terceiro no ranking dos estados brasileiros, o Mato Grosso deverá colher entre 803,7 mil toneladas e 815,7 mil toneladas do grão na safra 2009/10, conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgado em novembro. A estimativa é de que a área plantada fique entre 282 mil e 286 mil hectares, com produtividade na faixa dos 2.800 quilos/hectare. 

Em outras palavras, o cenário deverá ser muito semelhante ao da safra anterior, mas não está descartada uma retração na área cultivada, resultado da preferência dos produtores pela soja, cuja liquidez é bem maior. Pelo menos é o que indica o primeiro prognóstico de área e produção realizado pelo IBGE, que aponta redução de 12,2% nas lavouras do estado. Neste caso, além das áreas substituídas pela soja, o IBGE levou em conta a redução do desmatamento e a maior fiscalização por parte dos órgãos ambientais. 

Para o presidente do Sindarroz-MT, Joel Gonçalves Filho, a projeção da Conab é a que está mais próxima da realidade vivenciada pelos produtores no estado. “Acredito que a cultura se manterá nos níveis da safra passada, ou seja, em torno de 800 mil toneladas. A área também permanecerá a mesma, no máximo reduzirá 5%”, acredita. 

Conforme Gonçalves, a diferença em relação à safra 2008/09 – quando a área plantada com arroz no MT registrou incremento de 17% – é basicamente por dois fatores: “Um deles é que de outubro de 2008 a janeiro de 2009 a saca de arroz de 60 quilos ficou na faixa de R$ 42,00. O outro é que pela primeira vez tivemos uma semente própria para o cultivo em áreas velhas e que se adapta à rotação de culturas, a variedade Cambará AN, desenvolvida pela AgroNorte Pesquisa & Sementes. Esta variedade interrompeu o ciclo de queda na produção do estado. Hoje a maioria dos produtores a está plantando”, analisa o dirigente. 

Na avaliação de Joel Gonçalves Filho, mesmo com a saca a R$ 32,00 em 2009, o arroz segue como uma alternativa econômica rentável. “Não há quem me convença do contrário. Pelo menos para quem colhe em média 70 sacas/hectare”, observa. 

A opinião é compartilhada pelo diretor da AgroNorte Pesquisas & Sementes, Angelo Maronezzi, na cidade de Sinop (MT). A dificuldade, segundo ele, está na comercialização do cereal. “Na região de Sinop o preço da saca de arroz fica em torno de R$ 28,00. Para quem produz na faixa de 70 sacas por hectare não está de todo ruim, o problema é a condição de pagamento. O produtor vende e depois leva de 70 a 90 dias para receber”, explica. Maronezzi também acredita que a área cultivada com arroz no estado deverá registrar uma queda na próxima safra, mas com percentuais bem acima das projeções oficiais, inclusive as mais otimistas.

SALVAÇÃO DA LAVOURA

A salvação da lavoura de arroz no Mato Grosso atende pelo nome de Cambará NA. A variedade desenvolvida pela AgroNorte Pesquisas & Sementes é responsável não apenas por interromper o ciclo de queda da produção de arroz no estado na última safra, mas, principalmente, por motivar os produtores a prosseguir com a cultura. 

De acordo com informações fornecidas pela empresa, trata-se de um cultivar de ampla adaptabilidade, boa rusticidade e que responde bem à adubação e aos tratos culturais. Caracteriza-se por uma arquitetura de planta moderna, de porte médio, e por ser resistente ao acamamento. Possui ciclo de 105 dias, bom “stay-green”, alto rendimento de inteiros, grãos translúcidos, ficando soltinhos e macios logo após a colheita. 

Também apresenta boa tolerância à brusone foliar, escaldadura, complexo de manchas foliares e manchas de grãos. Pode ser plantada em abertura de áreas, renovação de pastagens e terras velhas em rotação de culturas com a soja. 

Além das lavouras do MT, a Cambará NA está sendo comercializada pela AgroNorte nos estados de Rondônia, Pará, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Goiás, Minas Gerais, Bahia e até no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.