IPTU é vilão da inflação em fevereiro em São Paulo

Dentro do grupo Alimentação, de acordo com Comune, os itens que devem continuar pressionando a inflação nos próximos meses deverão ser o arroz e o leite.

Um dos principais fatores da inflação na capital paulista em fevereiro foi o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que subiu 24% em média. Sozinho, o imposto respondeu por 0,23 ponto porcentual da inflação de 0,74% no mês. Isso significa dizer que o IPTU contribuiu com 31,09% do IPC no mês passado. "Foi o preço que mais afetou o orçamento das famílias com renda contemplada pelo IPC-Fipe", observou o coordenador do índice, Antônio Evaldo Comune. O IPC-Fipe calcula a cada semana as variações quadrissemanais do índice de preços ao consumidor do município de São Paulo para a faixa de renda familiar entre 1 e 20 salários mínimos.

Na última década, de janeiro de 2000 a fevereiro de 2010, o IPTU subiu 81,99% na cidade de São Paulo. Ou seja, se for retirado desse acumulado a alta só de fevereiro deste ano, pode-se dizer que, nos últimos 10 anos, até janeiro, o IPTU subiu 57,99% ou pouco mais do que duas vezes o reajuste promovido só em fevereiro. Para Comune é verdade que o prefeito Gilberto Kassab ampliou o número de imóveis isentos de IPTU em São Paulo, mas quem continuou pagando o imposto teve de arcar com uma despesa bem maior para esse fim.

Por conta do IPTU, o grupo Habitação saiu de uma leve alta de 0,15% em janeiro para uma variação de 0,77% em fevereiro. Vale destacar que o grupo Habitação é o maior entre os sete que compõem o índice e tem uma ponderação de 32,79% do IPC. Essa variação do grupo Habitação em termos nominais foi 0,10 ponto porcentual a mais que a variação de 0,52 ponto porcentual para baixo do grupo Alimentação, que saiu de uma alta de 1,52% em janeiro para 1% no mês passado.

Comune destaca ainda que em janeiro os alimentos brigavam de igual para igual com os piores vilões da inflação. Em fevereiro, no entanto, das 25 maiores quedas dentro do IPC-Fipe, 16 são alimentos. Destaque para frango (-1,72%), alcatra (-2,81%), óleo de soja (-2,58%), contrafilé (-2,87%) e uva (-4,68%).

Leite e arroz

Dentro do grupo Alimentação, de acordo com Comune, os itens que devem continuar pressionando a inflação nos próximos meses deverão ser o arroz e o leite. No caso do leite, diz ele, há uma curiosidade: por causa do excesso de chuvas que asseguraram a boa qualidade dos pastos, a safra foi antecipada. Mas com a tendência de estiagem com o fim do verão, os preços do leite devem voltar a subir. No que diz respeito ao arroz, os efeitos das chuvas foram contrários aos exercidos sobre o leite, já que muitas plantações foram prejudicadas. "Se eu fosse o governo, já começaria a importar arroz antes que os preços disparem", disse o economista da Fipe.

O grupo Transportes, por sua vez, devolveu muito da alta de janeiro, saindo de 4,58% para 1,14% em fevereiro. Aqui, o destaque fica para a menor pressão de ônibus e metrô. A gasolina teve reajuste de 1,62% e o álcool combustível, de 0,14%. Mas, segundo a previsão do coordenador da Fipe, esses dois combustíveis tendem a ter seus preços reduzidos uma vez que as usinas já começaram a moer cana-de-açúcar da nova safra. Os demais grupos que compõem o IPC-Fipe fecharam o mês passado sem grandes destaques na avaliação de Comune.

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