Arroz tipo rotação

MT não deverá aumentar área plantada na safra 2009/10 .

A orizicultura do Mato Grosso não deverá repetir na próxima safra o mesmo desempenho obtido em 2008/09, quando registrou um incremento de 17% em área plantada e a sua produção saltou de 683,4 mil toneladas para 803,9 mil toneladas, conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Até a primeira quinzena de agosto a compra de sementes estava 50% menor em relação ao mesmo período do ano passado. Para entidades como o Sindarroz-MT e empresas como a AgroNorte Pesquisas & Sementes, este é um indicativo de que a área com arroz não deverá crescer.

Outro indicativo são os baixos preços do cereal (R$ 27,33 a saca, na cotação de julho de 2009). “A soja está pagando mais, de R$ 45,00 a R$ 50,00 a saca”, explica o presidente do Sindarroz-MT, Joel Gonçalves Filho. Também na avaliação do engenheiro agrônomo da AgroNorte, Mairson Santana, o argumento é econômico. “No momento, a soja é a cultura mais competitiva. O arroz, além do preço baixo, está com comercialização muito difícil”, observa.

O presidente do Sindarroz-MT ressalta que a realidade este ano é bem diferente da vivenciada pelos produtores na safra passada. “Na safra 2008/09 a área plantada com arroz no Mato Grosso registrou aumento em função de dois fatores: um deles é que, de outubro de 2008 a janeiro de 2009, o preço da saca de 60 quilos ficou na faixa de R$ 42,00 e o outro é que, pela primeira vez, tivemos uma semente própria para o cultivo em áreas velhas e que se adapta à rotação de culturas, a variedade Cambará AN, desenvolvida pela AgroNorte”, analisa.

REFORÇO – A nova cultivar, de acordo com Mairson Santana, apresenta uma série de vantagens, tais como: maior rentabilidade por área, resistência ao acamamento, menores riscos de perdas, ótima tolerância à seca, estabilidade de produção e boa resposta ao uso de tecnologia. “Se bem adubado e em boas condições de solo, pode atingir a produtividade do Cirad 141, o ciclo é curto – 105 dias do plantio à colheita – e pode ser plantado na rotação de cultura, na renovação de pastagens e em áreas degradadas”, informa.

Pacote motivacional
O presidente da Federarroz, Renato Rocha, não concorda com os números oficiais de exportação e importação para 2009. Segundo ele, o Brasil exportará mais de 500 mil toneladas e importará menos de 950 mil toneladas. “Embora os números da importação no primeiro quadrimestre não sejam tão satisfatórios quanto o aÉ este pacote de vantagens embutido na Cambará NA que está motivando os produtores a prosseguir com a cultura do arroz no estado. Luiz Tadeu Tatim, gaúcho radicado no Mato Grosso há mais de duas décadas, é um deles. Proprietário da Fazenda Querência, em Campos de Julho, cultiva soja, arroz, milho safrinha e girassol em uma área de 3 mil hectares. O arroz, no caso, entra como rotação de cultura.

Tatim planta arroz há três safras, tendo iniciado com a variedade Cambará AN em uma área de 440 hectares, onde obteve uma produt ividade de 75 sacas por hectare. “Sentimos que a variedade tinha potencial, então melhoramos a adubação, aumentamos para 550 hectares, em uma área de resteva de soja, e colhemos 97 sacas por hectare”, conta.

Em outra área de 400 hectares – resteva de milho safrinha -, o produtor explica que colheu 76 sacas por hectare com a mesma adubação. “É que a palhada de milho absorve muito nitrogênio. Em uma safra normal em cima da resteva de milho esta variedade rende 85 sacas por hectare. Para a próxima safra vamos plantar 660 hectares”, adianta o produtor.

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