Lavoura mundial encolheu

Mundo produz menosarroz em 2009/10. Seca na Ásia é a razão.

A produção mundial de arroz caiu 1,4% em 2009, para 678 milhões de toneladas colhidas do cereal, segundo indicou a FAO. O volume equivale a 453 milhões de toneladas de arroz beneficiado. A informação é do Relatório InterArroz, divulgado em maio pelo analista internacional Patrício Méndez del Villar, do Cirad, da França. Segundo ele, essa diminuição se deve, sobretudo, à queda da produção de 12% em relação ao ano anterior na Índia. “As chuvas de monções foram tardias”, revela.

Ainda segundo Patrício del Villar, as perspectivas para 2010 indicam que a produção mundial poderá baixar novamente devido à seca que afeta vários países do Sudeste asiático. A safra do Mercosul também foi menor, com quedas de 9% no Brasil e 14% no Uruguai. Argentina manteve produção praticamente estável e o Paraguai aumentou o volume de arroz colhido em razão da área e das tecnologias empregadas. Todos têm o Brasil como principal mercado.

A expectativa do comércio mundial é de um leve aumento, em torno de 1,5%. Passaria, em 2010, de 30 milhões de toneladas para 30,5 milhões de toneladas. “A Índia, um importante componente do mercado mundial, mantém suas restrições à exportação de arroz não aromático, a qual seria amplamente compensada pelas vendas externas dos principais exportadores asiáticos. Esses, por sua vez, devem incrementar suas vendas externas em 2010”, revela o analista. As exportações estadunidenses também foram aumentadas, podendo alcançar o melhor nível desta década. Os Estados Unidos é o maior país exportador de arroz fora do continente asiático.


ESTOQUES

Apesar da menor produção em 2009, os estoques mundiais terminaram o ano em alta, graças ao salto da produção experimentado em 2008, principalmente na China. Na entrada de 2010 estavam armazenadas no mundo 124,6 milhões de toneladas de arroz, contra 110,8 de 2008. Estas reservas representam 28% das necessidades mundiais. “Em 2010 as existências mundiais se mantêm estáveis em 123 milhões de toneladas”, explica Patrício Méndez del Villar.

FIQUE DE OLHO
Em abril os preços mundiais caíram 9%, mantendo a tendência de queda registrada ao longo do ano. A retração das cotações internacionais varia entre 20% a 30%, de acordo com a origem, em 2010. “Os importadores, ao contrário das previsões, parecem apostar em preços mais baixos antes de voltarem ao mercado”, atesta Patrício Méndez del Villar, analista internacional de mercados de arroz do Cirad, da França. “Por isso, os exportadores atualmente sofrem uma forte pressão, pois a falta de novos contratos e o risco de preços menores poderiam significar importantes perdas para aqueles que se abasteceram no início do ano”, acrescenta.

Ainda de acordo com o analista do Cirad, no começo de maio se notava certa estabilidade nos preços e sinais de reaquecimento do mercado. Em abril o índice Osiriz/InfoArroz (IPO) caiu 17,3 pontos, para 206,5 pontos (base 100 = janeiro de 2000) contra 223,8 pontos em março. “Desde o início do ano o índice dos preços mundiais caiu 54 pontos”, revela del Villar.

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