Exportar é preciso

 Exportar é preciso

Qualidade é diferencial do arroz brasileiro

Demanda mundial por arroz foca o Mercosul e o Brasil.

O ano de 2008 pode ser um marco na relação do Brasil com o mercado internacional do arroz. Três décadas depois de deixar de ser um exportador influente no mundo ocidental, o país tem a chance de resgatar essa posição. Diversos países estão enviando missões ao Rio Grande do Sul, bem como tradings estão se instalando, em busca da oferta de arroz, com destaque para quebrado e parboilizado. Os gaúchos são responsáveis por 60% da produção e mais de 90% das exportações brasileiras. No primeiro trimestre de 2008 o estado bateu o recorde de exportações e aumentou a venda de arroz beneficiado, com maior valor agregado. 

A euforia é tanta que a governadora do Estado, Yeda Crusius, abriu licitação para reformar e equipar a unidade da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa), no porto de Rio Grande (RS), que funcionará como terminal de armazenagem e exportação de arroz. A meta é exportar 10% da produção anual do estado, ou 700 mil toneladas. O terminal privado da Termasa, também em Rio Grande, deverá investir pelo menos R$ 7 milhões em infra-estrutura para exportação do cereal. 

“A alta acelerou processos que eram trabalhados pela cadeia produtiva, como forma de aproveitar ao máximo o momento favorável”, revela o presidente da Federarroz, Renato Rocha. Para o presidente do Irga, Maurício Fischer, é a chance do Brasil consolidar a posição de exportador. “Temos tecnologia, meios e principalmente volume e qualidade de produto para fazê-lo”, afirma.

CENÁRIO – O cenário de exportação foi gerado em razão da “crise mundial de alimentos”. Entre os fatores que alteraram o perfil do mercado e aumentaram 150% os preços internacionais do arroz estão a queda dos estoques mundiais – apenas 17% do consumo mundial, com 103 milhões de toneladas -, produção abaixo da demanda, quebra de safras na Ásia por clima e aumento do consumo em países como a China. O aumento da inflação global e a suspensão das vendas externas pelos exportadores – China, Índia, Tailândia, Vietnã, Egito e Malásia, entre outros – para garantir o abastecimento local também concorreram decisivamente.

MERCOSUL – O Mercosul tornou-se foco da demanda mundial porque é a região do planeta que colhe uma safra com excedentes. O Brasil pode vender até um milhão de toneladas sem escassez. Argentina e Uruguai podem exportar mais 1,5 milhão de toneladas. Esta condição era esperada, mas não tão rápido, e mudou o viés do mercado interno brasileiro, que valorizou 42% em abril. Os preços médios do arroz em casca (50 quilos) saltaram de R$ 23,00 para R$ 33,50.

Fique de olho
A expectativa era de que o Brasil exportasse 400 mil toneladas de arroz em 2008, mas já se fala em 600 mil a um milhão de toneladas. É possível que, pela primeira vez em décadas, o país exporte volume igual ou maior do que importará do Mercosul, inicialmente previsto em 900 mil toneladas. Com preços muito atraentes no mercado internacional, Uruguai e Argentina estão direcionando grandes volumes de arroz para terceiros países. O excesso de arroz no Brasil não é negócio para o Mercosul, pois pressiona negativamente os preços na região. Para os exportadores é melhor mandar o arroz para outros continentes.

 

Vendas em dobro

O aquecimento do mercado mundial de arroz favoreceu às exportações brasileiras e o país dobrou o volume negociado no primeiro trimestre, com o recorde de 117 mil toneladas. Os embarques são 46% maiores que os registrados entre janeiro e março de 2006 e o dobro de 2007. Só em março foram exportadas 55 mil toneladas, sendo 51 mil apenas do Rio Grande do Sul, principal produtor e exportador brasileiro. Senegal, com 25 mil toneladas, foi o principal comprador em março. 

Outra novidade foi o equilíbrio na balança comercial do arroz em março, com a importação também de 55 mil toneladas do Mercosul, sendo 34 mil do Uruguai e o restante da Argentina. No primeiro trimestre, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o Brasil importou 226 mil toneladas, um resultado negativo de 109 mil toneladas na balança comercial. Se for mantida a média, até o final do ano comercial o Brasil terá importado apenas 450 mil toneladas de arroz do Mercosul, metade do volume inicialmente estimado (900 mil). 

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