O problema vai aumentar

 O problema vai aumentar

Pragas tendem a crescer sem o controle adequado
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O pesquisador da Embrapa Clima Temperado, José Francisco da Silva Martins, vislumbra que o problema de pragas na cultura do arroz no Rio Grande do Sul tende a aumentar nas próximas safras, considerando as constantes mudanças tecnológicas que estão ocorrendo no âmbito das práticas de manejo. Segundo o entomologista, porém, há muito espaço para que se avance em conhecimento capaz de qualificar processos de manejo integrado de pragas e minimizar esses efeitos ou até evitar conseqüências maiores. 

“Assim, muito do dano causado por esses organismos poderá ser minimizado quando a influência de práticas culturais for considerada no momento da elaboração de novos projetos de pesquisa e de difusão e transferência de tecnologia”, confia Martins. 

Nesse sentido, verifica-se a necessidade de que, com base em conhecimentos temáticos (fitotecnia, solos, nutrição de plantas, melhoramento genético, entomologia, fitopatologia, agrometeo-rologia e socioeconomia, entre outros), sejam estabelecidas estratégias de ação de caráter interdisciplinar, que contemplem a avaliação do efeito individual e interativo das diferentes práticas culturais adotadas na cultura do arroz sobre a ocorrência e danos causados pelas pragas. “Um maior conhecimento neste sentido poderá contribuir para minimizar as perdas e melhor direcionar o uso de agrotóxicos”, destaca o pesquisador.

 

Cuidado com a taipa

O cultivo de arroz sobre taipas de base larga, apesar de proporcionar um maior aproveitamento de áreas inclinadas para a orizicultura, principalmente na fronteira-oeste, é outro tipo de manejo que favorece o desenvolvimento de pragas. Primeiro, conforme o entomologista José Francisco Martins, estabelece-se um diferencial entre a fertilidade do solo nos leiveiros, no espaço entre eles e nas taipas, particularmente na fase de implantação da cultura. “A situação pode induzir a um desenvolvimento diferenciado das plantas de arroz nos três locais da lavoura, tornando-as mais sensíveis aos danos”, avisa. 

Nos leiveiros, a maior profundidade da água de irrigação e a menor fertilidade do solo potencializam os danos da bicheira-da-raiz. O não atingimento do topo das taipas pela lâmina da água cria melhores condições para o desenvolvimento de doenças, principalmente causadas por fungos de solo (podridão-do-colmo, rizoctoniose), e de refúgio para insetos como o cascudo-preto, lagarta-da-folha e pulgão-da-raiz. O local é também mais favorável ao desenvolvimento de plantas daninhas e, especialmente no caso do capim-arroz, criam-se condições para o estabelecimento de focos do percevejo-do-grão. Ou seja, diante de tantos riscos, não custa nada buscar maiores informações e a aplicação das práticas recomendadas pelo Manejo Integrado de Pragas. 

Fique de olho
Ao adotar os novos conceitos de manejo atualmente indicados, os produtores devem observar alguns exemplos e tendências:

1) A antecipação da inundação do arrozal proporciona maior índice de infestação da bicheira-da-raiz, praga-chave da cultura.
2) A adubação nitrogenada elevada concentrada na fase inicial da cultura favorece tanto a ocorrência de doenças como de insetos.
3) Em hipótese, os surtos do pulgão-da-raiz, na fronteira-oeste, podem estar associados à prática do cultivo mínimo, que condiciona a germinação de grande quantidade de sementes de arroz proveniente da debulha da safra anterior, disponibilizando no ambiente quantidade
substancial de plantas hospedeiras, em época na qual as condições climáticas são mais favoráveis ao desenvolvimento do inseto.
4) Historicamente, o cultivo de arroz pré-germinado proporciona
melhores condições para o desenvolvimento populacional de pragas
como a bicheira-da-raiz, plantas daninhas aquáticas (sagitárias,
ciperáceas) e moluscos (caramujos).

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