Um estoque administrável

 Um estoque administrável

Estoque terá 2,1 milhões/t, mas pouco no mercado
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O Brasil entrará a safra 2005/06 com o seu maior estoque nos últimos 10 anos: 2,13 milhões de toneladas. O volume, que inicialmente poderia assustar, foi anunciado pela Conab e, na verdade, teve o efeito de acalmar o mercado. Isso porque alguns consultores alardearam, no meio do ano, que o estoque brasileiro seria de 2,5 e 2,9 milhões de toneladas. No final das contas, o estoque real ficará quase 400 mil toneladas abaixo das previsões mais otimistas. 

O mercado está fazendo uma leitura diferente da visão simplista de excesso de produto que poderia gerar pressão de oferta. Mais de um milhão de toneladas ficarão fora do mercado, pois estão sendo encaminhadas para os estoques públicos por meio das Aquisições do Governo Federal (AGFs). Sendo assim, o estoque nas mãos da indústria e dos produtores ficaria em torno de um milhão de toneladas. Mas estima-se que pelo menos 500 mil toneladas – metade do volume disponível – concentram-se no Centro-oeste e tratam-se, em sua quase totalidade, de arroz Cirad de baixa qualidade ou Primavera com defeitos – manchados, picados de insetos, etc –, portanto não deve balizar preços. 

Não é novidade que as últimas duas safras gaúchas deixaram a desejar em termos de qualidade. Ou seja, de todo o volume do estoque de passagem, estimado pela Conab em 2,13 milhões de toneladas, não mais do que 300 a 400 mil toneladas terão qualidade para atender o mercado de arroz branco. 

A maior pressão nas cotações permanecerá sobre o arroz Cirad, remanescente no Mato Grosso. 

A conclusão, diante destes dados, é de que o estoque de passagem do Brasil, apesar de alto, teve na ação de compra do Governo Federal – mesmo que com um significativo atraso – uma intervenção importante. É administrável, mesmo que exista a previsão de uma pressão baixista sobre o arroz a partir de março, segundo os principais consultores do país.

Questão básica
A Conab estima que para a safra 2006/07 o Brasil terá um estoque de passagem de 1,2 milhão de toneladas. Dependendo da forma com que o Governo Federal se comportar na administração dos estoques públicos, quase a totalidade destes volumes estará nas mãos da Conab e o mercado estará operando praticamente equalizado. Alguns consultores, no entanto, entendem que o Governo colocará parte dos estoques com arroz de melhor qualidade paulatinamente no mercado, a partir do segundo semestre de 2006, principalmente para programas sociais, em virtude da rejeição da indústria ao arroz Cirad de qualidade muito inferior.

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