Pé na ESTRADA

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Schardong e Pötter: já está difícil negociar com o Governo

Arrozeiros do Brasil voltam a protestar.

A grave crise de preços do arroz reavivou o movimento de protestos iniciado em 2005 pelos arrozeiros gaúchos contra as importações de arroz e demora do Governo Federal em anunciar medidas de garantia de preço mínimo. Com a dívida crescendo, preços ainda mais baixos, importações livres e sem nenhuma perspectiva de receber pelo produto valores superiores ao custo de produção, arrozeiros do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul se lançaram ao protesto no mês de maio. No Mato Grosso a mobilização conseguiu a adesão da indústria, cujas cargas foram bloqueadas pelos produtores como forma de protesto pelos baixos preços praticados. Os bloqueios afetaram o abastecimento dos engenhos que já estão perdendo mercado por falta de matéria-prima.

No Rio Grande do Sul, uma assembléia geral de produtores no município de São Sepé deflagrou um movimento de protesto com bloqueio de estradas. Não está descartada a volta do fechamento de fronteiras para arroz argentino e uruguaio e uma nova marcha a Brasília, como o tratoraço de 2005. Inconformados com a passividade do Governo Federal diante das importações do Mercosul, mas principalmente com a falta de garantia de preços mínimos e a valorização do real perante o dólar, os arrozeiros querem medidas compensatórias, incentivos para exportar e garantia de receber ao menos os R$ 22,00 previstos em lei pelo saco de 50 quilos de arroz com 58% de grãos inteiros. “Esta é a mais grave crise do arroz nos últimos 30 anos”, afirmou o presidente da Câmara Setorial do Arroz, Francisco Schardong.

O presidente da Federação de Arrozeiros do Rio Grande do Sul, Valter José Pötter, lembra que a lista de reivindicações é a mesma de 2005 e de 2004, o que demonstra que há três safras o Governo Federal vem adotando paliativos e “empurra a crise do agronegócio com a barriga”. As lideranças estão cansadas e desgastadas por negociações infrutíferas e a desmoralização do próprio Ministério da Agricultura, comparado por dirigentes gaúchos a “um mendigo na porta do Ministério da Fazenda”.

Falou & disse
Para o presidente da Federarroz, Valter José Pötter, a crise chegou a um ponto em que não é mais possível para as lideranças ter ou transmitir esperanças aos produtores de uma solução política negociada. “Infelizmente, o agronegócio brasileiro está sendo forçado a partir para a radicalização, a protestar de novo nas estradas para ver se, sob pressão, o Governo Federal se convence que precisa fazer algo prático e parar de jogar o problema para a frente”. O mais recente pacote de comercialização divulgado pelo Governo Federal não agradou aos arrozeiros brasileiros, que o consideraram um paliativo e com atraso de três meses. “Já entregamos uma série de reivindicações e propostas sérias e viáveis para o Governo Federal, que nos responde com paliativos”, diz o expresidente do Irga, Pery Sperotto Coelho.

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