Arroz globalizado

 Arroz globalizado

Mundo: fatores internacionais também determinam preços no Brasil

Regras de preços mudaram com o mercado global.

Até boa parte da recém-encerrada primeira década deste século havia uma certeza na cadeia produtiva do arroz do Rio Grande do Sul: quebra de safra representava preços mais altos, especialmente no segundo semestre do ano comercial. Com parte do setor ainda acreditando nesse paradigma, o ano de 2010 foi de frustração para muitos arrozeiros. Mesmo com uma quebra de 15,5% a safra gaúcha foi uma das três maiores de sua história. E ao longo do ano houve prorrogações de custeio e refinanciamento de Empréstimos do Governo 

Federal (EGFs) por parte dos agricultores que esperavam “a alta do arroz” para vender o produto e zerar as contas.
Pensando assim, até fevereiro de 2011, muitos rizicultores gaúchos deixaram de vender o produto em cotações entre R$ 26,00 e R$ 28,00. Estes se depararam a partir de novembro com a saca de 50 quilos (casca) valendo menos do que os R$ 25,80 determinados pelos preços mínimos da política de garantia do governo federal e com os EGFs vencendo em plena safra. 

É com os mecanismos de comercialização (PEP e AGF) que entraram em funcionamento a partir da segunda semana de fevereiro/2011 que estes produtores contam para quitar seus débitos. Uma missão quase impossível para uma lavoura cujo custo médio de implantação foi superior a R$ 29,00 por saca, e mesmo aqueles que alcançaram bons valores de comercialização viram o mercado operar abaixo disso.

REFLEXOS 

Hoje, com o Brasil figurando na lista dos 10 maiores importadores e exportadores do mundo, o maior mercado fora da Ásia para o arroz globalizou-se e sente os reflexos externos e da macroeconomia se sobreporem aos velhos conceitos da relação oferta versus demanda. Menos oferta no Rio Grande do Sul não quer mais dizer preços altos. Hoje, para as principais praças de comercialização e consumo no Brasil é mais barato comprar 1,5 milhão de excedentes dos países vizinhos e, em algumas condições, até dos Estados Unidos, da Tailândia ou do Vietnã do que no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Ou seja, uma produção interna menor em um ou 1,5 milhão de toneladas não faz diferença ao mercado. 

Atualmente, a variação do preço do petróleo, do câmbio e da safra indiana, chinesa ou do Camboja reflete nos preços internos. A oferta e os estoques mundiais modificam essa relação de oferta versus demanda brasileira. É mais fácil e mais barato embarcar arroz beneficiado no porto de Montevidéu ou Buenos Aires do que em Rio Grande. O mercado mudou, o mundo do arroz evoluiu. E a cadeia produtiva, principalmente o arrozeiro, precisa adequar-se e buscar novas equações para finalmente determinar como vai produzir e comercializar o seu produto. Além do desafio de reduzir seus custos de produção, o arrozeiro precisa que os governos federal e estaduais percebam a necessidade de adotarem medidas que proporcionem novas condições de competitividade ao arroz brasileiro. Seja por meio da redução dos tributos que incidem sobre o cereal e seus insumos, seja criando mecanismos que permitam efetivamente manter uma posição importante no mercado externo.

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