Cesta básica do Grande ABC registra maior recuo do ano
Na esteira das principais baixas da semana, a queda nos preços do feijão e do arroz preocupa o engenheiro agrônomo Fábio Vezzá de Benedetto.
Depois de acompanhar constantes altas nos alimentos, o consumidor do Grande ABC pode respirar aliviado, pelo menos por enquanto. O preço da cesta básica despencou R$ 13 (queda de 3,51%) nesta semana em relação ao período anterior, e garantiu o menor valor do ano na compra dos produtos básicos. Quem for às compras hoje deve gastar cerca de R$ 350 para encher o carrinho, contra os R$ 363 da semana anterior.
Vilão do bolso nos últimos meses, o preço da carne bovina foi um dos principais motivos para a melhora. O quilo do coxão mole está 6,38% mais barato nesta semana, saindo, em média, por R$ 14,52. No entanto, o engenheiro agrônomo da Craisa Fábio Vezzá de Benedetto, que realiza a pesquisa semanal, avisa que os preços podem voltar a subir logo. "Essa queda não é costumeira no período em que estamos. No inverno, o preço não cai tanto assim", explica.
Para ele, a melhora acontece pela pressão provocada pela baixa no custo do frango, que teve queda de até 14,31% só neste ano, e agora força a revisão no preço da carne bovina. "O frango subiu 2,12% nesta semana, mas ao longo do ano caiu bastante. O consumidor sempre vai procurar o que estiver mais em conta, por isso ocorrem essas variações de preço", afirma. É a lei da oferta e da procura.
Os produtos do hortifrúti também colaboraram para a queda nos índices. Batata, banana e laranja estão até 33% mais baratas.
"Alface, tomate e os legumes em geral estão se recuperando no preço. O clima estável ajuda muito também. Não tivemos nenhuma geada, nada fora do normal. É uma época boa para o cultivo", explica.
VILÕES – Na outra ponta, os produtos industrializados são os que mais afetam o gasto do consumidor. Itens como bolacha, extrato de tomate e sabão em pó tiveram alta de até 19,02% na última semana. Como os valores dependem de negociação direta com os supermercados, a expectativa é de que eles não tenham valores revistos até 2012, quando é feito o reajuste da inflação.
ARROZ – Na esteira das principais baixas da semana, a queda nos preços do feijão e do arroz preocupa o engenheiro agrônomo Fábio Vezzá de Benedetto. O arroz, por exemplo, mesmo com o apoio do governo, que leiloou sacas do grão para melhorar o preço, vem de consequentes baixas, o que deve prejudicar o abastecimento em breve. “O arroz está quase de graça. Temos ouvido muitas reclamações dos produtores sobre isso e, caso não haja melhora, devemos enfrentar a falta do grão entre o fim deste ano e o começo de 2012.”
A situação será semelhante à enfrentada com o feijão no ano passado. A grande oferta do item em 2009 fez com que muitos agricultores desistissem do plantio, o que afetou a demanda em 2010. “Neste ano, o grão está com preço quase 70% menor, mas ainda não é ameaçador.”