Safra histórica em Santa Catarina

 Safra histórica em Santa Catarina

Barbieri: mais produção, menores preços

Em tempos de preços baixos, produtores catarinenses projetam colheita histórica.

Os orizicultores de Santa Catarina vivem a expectativa de colherem neste ano a maior safra de arroz da história do estado. A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que a produção catarinense, com base nos dados divulgados no levantamento de março, chegue a 1,56 milhão de toneladas. Mas para o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) e secretário da Agricultura no governo anterior, Enori Barbieri, este volume poderá ser ainda maior.

Para Barbieri, a produção do estado deverá chegar a 1,4 milhão de toneladas, uma marca histórica que é fruto de um ano de clima favorável, pequeno aumento de área e uma produtividade média de 10 mil quilos por hectare, segundo ele.  “A previsão era de que a estiagem no estado atrapalhasse a colheita, o que não aconteceu”, explica.

Apesar deste desempenho, os produtores de Santa Catarina, a exemplo dos gaúchos, também sofrem com a desvalorização do produto. Barbieri explica que o Brasil produz cerca de 13 milhões de toneladas e consome aproximadamente 12,5 milhões de toneladas. Portanto, como há muita oferta, o preço não fica bom para o produtor. “Para se ter uma ideia, o valor pago aos rizicultores é o pior dos últimos 10 anos”, observa.

A situação preocupa o dirigente, que defende um limite para a produção, a exemplo do que já vem sendo feito com sucesso pela cadeia produtiva do fumo no estado. “O mercado interno consome somente 20% do que é colhido no estado, então precisamos achar mercado externo para este arroz”, ressalta.

Barbieri explica que, geralmente, quando a safra é boa, os preços não são. “Os problemas só não são piores se comparados aos enfrentados pelos gaúchos porque aqui a estrutura fundiária está baseada em pequenas propriedades familiares de 30 hectares, em média. Com isso, os custos de produção acabam se tornando menores em função das altas produtividades e da mão-de-obra familiar, que acaba não entrando no cálculo desse custo. O sistema de comercialização também é melhor em função de uma sólida rede de cooperativas estabelecida junto às regiões produtoras. Além do mais, Santa Catarina inicia a colheita mais cedo que o Rio Grande do Sul e acaba conseguindo melhores preços”, informa.

CONCENTRAÇÃO

Outro diferencial entre a orizicultura nos dois estados, conforme Barbieri, é que em Santa Catarina as regiões produtoras estão próximas aos grandes centros industriais. “Assim, nas famílias dos produtores sempre tem um membro, ou dois, que trabalha em outra atividade fora da agricultura e que contribui para a renda familiar. Estas famílias de produtores, portanto, não têm os problemas tradicionais dos arrozeiros, como ocorre no Rio Grande do Sul”, compara.

FIQUE DE OLHO

O arroz é a principal fonte de renda de 8 mil produtores catarinenses, gerando mais de 50 mil empregos diretos e indiretos. O estado cultiva 150,5 mil hectares e produz, em média, 1, 39 milhão de toneladas por ano em 60 municípios do Sul, Vale do Itajaí e Norte catarinense.

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