Um pé lá fora
Brasil baterá recorde
nas exportações. Será
o sexto maior do mundo
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O Brasil deverá consolidar-se como o sexto maior exportador mundial de arroz no ano agrícola (março/2011 a fevereiro/2012), batendo um recorde de exportações. O volume exportado deve aproximar-se de dois milhões de toneladas. Ainda com informações de janeiro, referente aos 10 meses de venda externa (março a dezembro/2011), o volume de grão exportado supera 1,75 milhão de toneladas, apesar do arrefecimento dos mecanismos de comercialização, como o PEP. O presidente da Federarroz, Renato Rocha, destaca que este volume é quatro vezes maior do que as 500 mil toneladas de exportação previstas inicialmente. “A média mensal de embarques para o exterior supera as 175 mil toneladas. É possível superar o envio de dois milhões em remessas ao mercado internacional”, destaca.
Para alcançar a sexta posição entre os grandes exportadores o Brasil superou seus vizinhos, Uruguai e Argentina. O G6 do arroz agora é formado por Tailândia, Vietnã, Índia, Paquistão, Estados Unidos e Brasil. Por outro lado, com as porteiras abertas para o ingresso dos excedentes do Mercosul, o Brasil se manterá entre os 10 maiores importadores mundiais.
Conforme o consultor Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências Consultoria em Agronegócios, as vendas de 2011/12 seguiram para 76 países, ampliando em 10% o número de nações importadoras. A África se mantém como principal destino do arroz brasileiro, seguida da América Central e Caribe e da América do Sul e Oriente Médio.
O arroz beneficiado, principalmente o parboilizado, representa 60% das exportações, contra 25% dos quebrados. As importações devem se manter na média histórica, pouco acima de 800 mil toneladas. Até dezembro foram 712 mil. A Argentina é o maior fornecedor brasileiro, seguida do Uruguai e do Paraguai. Cerca de 65% do produto que entra no país é beneficiado.
Uma questão de apoio
Para o consultor Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências Consultoria em Agronegócios, o Brasil precisará do apoio público para manter os mercados conquistados no exterior em 2011. “Neste início de ano as exportações perderam força. A maior parte dos embarques é de entregas de negócios firmados há mais tempo”, cita. O esgotamento dos PEPs, o enfraquecimento do mercado internacional e a desvalorização do dólar frente ao real podem ser apontados como os principais motivadores para a redução dos negócios. Em 2011 foi negociado PEP para 1.538.000 toneladas. A redução das vendas evidencia que o setor depende deste mecanismo para seguir atendendo os mercados conquistados.
Um detalhe: a possível continuidade do PEP tem como requisito básico ter o mercado operando com preços abaixo do preço mínimo. Ao longo de janeiro e até a primeira semana de fevereiro o indicador Cepea mostra os preços em elevação, operando acima do mínimo nas principais praças de comercialização. No mercado internacional as cotações seguem enfraquecidas. As condições competitivas impostas pela Índia e Paquistão praticamente tiram os países do Mercosul do jogo.
“As dificuldades impostas aos exportadores brasileiros de arroz se justificam, portanto, pela falta de competitividade de dentro para fora (valorização da matéria-prima no mercado doméstico e esgotamento do apoio público) e de fora para dentro (enfraquecimento das cotações no mercado internacional). Para completar estamos em meio a um período de valorização do real frente ao dólar”, explica Barata.
Novos rumos
Mesmo importando mais de 800 mil toneladas de arroz, o Brasil está mostrando algumas mudanças neste cenário. Nunca foi tão pequena a participação do Rio Grande do Sul como porta de entrada do arroz importado no Brasil. Um levantamento da Agrotendências Consultoria em Agronegócios mostra que nos primeiros 10 meses do corrente ano comercial foram introduzidas no país 712,5 mil toneladas (base casca), sendo apenas 35,8% deste volume internalizado via as fronteiras do estado gaúcho. Esta participação vem apresentando redução por seis anos consecutivos e atualmente é menor do que a metade do que entrava pelo RS em cinco anos atrás (71,9%).
Em relação ao ano anterior, a participação do RS no volume total importado sofreu uma redução de 26,2%. Enquanto isso, Paraná e Maranhão ampliaram as suas participações como importadores de arroz. O motivo é logístico, no caso do ingresso do arroz paraguaio pela fronteira do Paraná, mas é principalmente econômico, uma vez que evitando a passagem pelo Rio Grande do Sul evita-se também uma pesada carga tributária. Hoje é mais barato embarcar arroz via cabotagem na Argentina ou Uruguai para desembarcar no Nordeste do que embarcar o mesmo produto no Rio Grande do Sul.