Avanço em terras gaúchas

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Pré-germinado: sistema avança na depressão central gaúcha

Produtores do RS aderem ao sistema pré-germinado para controlar o arroz vermelho e incrementar a produtividade em suas lavouras
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O sistema de cultivo de arroz com sementes pré-germinadas, adotado em larga escala na orizicultura catarinense, também vem ampliando seu espaço nas lavouras do Rio Grande do Sul, principalmente nos últimos anos. Dados preliminares levantados pelo Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) apontam que o sistema já abrange 12% da área total de arroz irrigado no estado na safra 2011/12 (um avanço significativo quando comparado aos 7,5% da safra 2008/09). O litoral norte e a depressão central do RS são as regiões onde este crescimento pode ser observado com maior nitidez.

De acordo com o coordenador regional do Irga da depressão central, Jaceguay Barros, este sistema representa atualmente uma alternativa viável para áreas com problemas de produtividade, sobretudo pela alta infestação de arroz vermelho, que é o problema mais grave verificado na região. “O sistema pré-germinado, quando bem conduzido, traz uma série de vantagens para o produtor: controle mais eficiente do arroz vermelho, menor dependência do clima para o preparo do solo e semeadura, menor consumo de água para irrigação e permite o planejamento mais efetivo das atividades da lavoura”, explica.

O cultivo do pré-germinado no Rio Grande do Sul apresenta características distintas do sistema convencional. A semeadura é realizada em solo com lâmina de água de 5 a 10 centímetros, sendo que no RS, em função do tamanho da lavoura, esta operação é feita de maneira manual, mecânica ou com a utilização de aviões agrícolas. O nivelamento da superfície do solo propriamente dito pode ser realizado na presença de água ou em condições de solo seco. A prática possibilita um manejo mais eficiente de água na lavoura, dispensando a construção de taipas internas aos quadros.

Jaceguay Barros identifica algumas dificuldades para a adoção e expansão do sistema no Rio Grande do Sul. Segundo ele, a mão de obra carece de maior capacitação – principalmente em relação ao controle efetivo da irrigação e drenagem. O custo inicial para a implantação da lavoura também acaba sendo maior devido ao processo de sistematização do solo. “Alguns produtores não têm buscado suporte técnico para migrarem do sistema convencional para o pré-germinado e por isso não alcançam os resultados desejados”, avalia.

O coordenador regional do Irga ressalta que para implantar o sistema pré-germinado é importante que as áreas a serem cultivadas estejam sistematizadas.

“A sistematização consiste no nivelamento do solo com adequação dos sistemas de irrigação, drenagem e viário. O projeto deve incluir taipas permanentes, tamanho e forma adequada dos quadros, com irrigação e drenagem independentes. Isso é fundamental para a rotação de culturas. O sistema viário tem que ser adequado e ocupar o mínimo de área possível com o máximo de eficiência, facilitando o acesso e saída das máquinas da lavoura”, informa Jaceguay Barros.

MANUAL
O manual do Programa de Tecnologias Mais Limpas do Irga recomenda ainda que a lâmina de água não seja drenada após o preparo do solo e a semeadura. Esta prática evita principalmente o transporte, para os mananciais hídricos, de partículas desagregadas de solo que ficam em suspensão na água. A drenagem da área após a semeadura pode desencadear problema ambiental e ao mesmo tempo causar perdas de nutrientes e herbicidas que estão em suspensão na água. Não drenar nessas condições reduz o volume total de água na irrigação, o gasto com energia, a necessidade de mão de obra, o custo de produção e o risco de impacto ambiental.

Uma das diferenças básicas entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina no que se refere ao cultivo de arroz no sistema pré-germinado diz respeito ao tamanho das lavouras, predominando no primeiro o cultivo em grandes áreas, situação na qual ocorrem dificuldades para o manejo do sistema, principalmente em relação às práticas de preparo do solo, que são mais lentas, e o manejo da água, que exige maior atenção.

Modelo catarinense

Em Santa Catarina, o arroz irrigado é cultivado em aproximadamente 150 mil hectares, distribuídos em cinco regiões distintas por suas condições geográficas e edafoclimáticas: alto, médio e baixo Vale do Itajaí, litoral norte e região sul. Praticamente 100% das lavouras são conduzidas dentro do sistema pré-germinado, o que confere ao estado um dos maiores índices de produtividade do Brasil, com 7,1 toneladas por hectare. No entanto existem áreas específicas, como Itajaí, por exemplo, que produzem quantidade superior a 10 toneladas por hectare, podendo chegar ainda a 15 toneladas por hectare.

Na avaliação do pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina (Epagri-SC), Moacir Schiocchet, este desempenho é resultado de um conjunto de fatores: “É preciso ter uma cultivar adequada, uma técnica de cultivo ajustada para as condições da área e o empenho do produtor. A união entre o fator humano, cultivar e ambiente é o que determina o resultado final de alta produtividade”, observa.

Conforme Schiocchet, as cultivares de arroz desenvolvidas pela Epagri na estação experimental de Itajaí apresentam bom comportamento em muitas regiões do país. “Existem cultivares plantadas no Rio de Janeiro, Maranhão, Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Hoje temos no estado a condição de oferecer ao produtor de grãos a semente de melhor qualidade do Brasil. A grande responsável por isso é a Associação Catarinense Produtora de Sementes (Acapsa)”, garante o pesquisador.

Santa Catarina: sistema alcança quase 100% da lavoura

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