Grande gargalo

Exportar é preciso,
e depende da melhora
dos serviços prestados.

A falta de infraestrutura adequada para escoar a produção fez o Porto de Rio Grande virar um grande gargalo para as exportações de arroz em 2013. Cargas de arroz já foram rejeitadas no destino devido à contaminação por soja e trigo (terminais sujos). Não há espaço no retroporto para as cargas de arroz e caminhões. Até as manobras para descarga se tornam impossíveis por falta de espaço nos pátios. Os fiscais da Ascar/Emater-RS fazem a classificação tendo que subir nos caminhões por não haver uma plataforma adequada, o que para ser construído depende do porto liberar espaço à Cesa. A lista de problemas enfrentados pelos exportadores é enorme.

O trader da Euricom Brasil, Alexandre Selk, observa que os terminais graneleiros estão preocupados apenas com a soja e com o milho e, assim mesmo, apresentam gargalos e custos muito altos. “Ao arroz, que também tem concentração de exportação no primeiro semestre, simplesmente as portas são fechadas nestes períodos, o que inviabiliza a conclusão de negócios e afugenta os armadores, que não querem ver seus navios em espera por vários dias. Os armazéns estaduais não investem em pequenas melhorias que os tornariam muito mais eficientes. É necessário, portanto, o esforço e engajamento de toda a cadeia no encaminhamento de soluções, já que, aos poucos, as indústrias e entidades começam a superar obstáculos para expandir nossos mercados. Tudo isso, no entanto, pode acabar em fracasso devido a esses graves gargalos de infraestrutura portuária”, lamenta.

O gargalo, de acordo com Marco Aurélio Júnior, da Abiap, está no primeiro semestre, que é quando a concorrência com a soja e outros grãos fica mais acirrada. No segundo semestre, a situação é mais tranquila. “Isso ocorre porque o Porto de Rio Grande foi concebido para exportar basicamente soja e trigo. O arroz entrou depois. Até poucos anos, o Brasil não era exportador de arroz. É por isso que a cadeia produtiva quer o terminal da Cesa voltado unicamente para esta finalidade”, explica.

Na visão do dirigente, a falta de estrutura acaba também encarecendo as exportações. “O Brasil exporta arroz para mais de 70 países. Nosso mais novo cliente é o Iraque, onde o arroz brasileiro é muito bem aceito. Para este mercado, o produto tem que ser enviado ensacado, mas falta equipamento para carregar o cereal em sacos. O nome desse equipamento é Shiploader e ainda não existe no Porto de Rio Grande. Com ele, o custo para embarcar sairia em torno de US$ 15,00 a US$ 20,00 por tonelada. Sem ele, no entanto, o trabalho tem que ser feito com mão de obra braçal e acaba custando US$ 120,00 por tonelada. Isso mostra que o custo Brasil é alto pela ineficiência”, compara.

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