Mais do que alternativa

 Mais do que alternativa

Claudia Lange: consolidação de objetivos econômicos e ambientais pela rotação de culturas

A primeira variedade
de soja voltada às
várzeas reforça
potencial da rotação
.

A incorporação da soja como cultura alternativa em sistema de rotação com o arroz em terras baixas anda a passos largos no Rio Grande do Sul. No entanto, está evidenciado que este processo, aos poucos, vem sendo adaptado e que é grande a pressão para que os centros de pesquisas gerem tecnologias que deem respostas com produtividade e resistência aos estresses hídricos, por excesso ou insuficiência. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e a Cooperativa Central Gaúcha Ltda Tecnologia conseguiram, já para a safra 2013/14, dar uma resposta importante a essa demanda: lançaram, na Expointer, em agosto, a primeira variedade de soja destinada às áreas de arroz do RS: a Tecirga 6070RR.

A variedade é adaptada ao sistema de cultivo em terras baixas com maior tolerância ao excesso hídrico e alta produtividade e indicada para a rotação com o arroz. O presidente do Irga, Cláudio Pereira, destaca a relevância desta tecnologia. “Oferecemos aos arrozeiros essas alternativas para que a produção de arroz esteja adequada às necessidades do mercado e, assim, evitemos superproduções que derrubam os preços do cereal”, explica.

Na safra 2012/13, foram cultivados 282.048 mil hectares de soja em terras baixas no RS. De acordo com o presidente do Irga, o desenvolvimento da Tecirga 6070RR vai ampliar as fontes de renda ao produtor, pois esta é uma variedade adaptada principalmente às condições de solo e da agricultura da metade sul do estado, região que tradicionalmente produz somente arroz e gado bovino e ovino. Pereira salienta que, além dos benefícios econômicos gerados pela existência de outro produto para a comercialização, também temos aqueles ocasionados pela redução de custos e pela melhoria da qualidade do arroz. “A soja, sendo uma planta da família das leguminosas, é fixadora de nitrogênio no solo e o seu cultivo em rotação com o arroz melhora a fertilidade e a estrutura física do mesmo, além de proporcionar maior eficiência no controle de plantas daninhas, na redução do arroz vermelho, maior produtividade, redução de custos e impactos ambientais”, complementa.

O diretor técnico do Irga, Sérgio Lopes, comenta que a Tecirga 6070RR foi desenvolvida a partir da base genética da CCGL TEC, onde a cultivar foi selecionada e testada nas condições de solos de arroz irrigado pela equipe técnica do instituto. “Foram diversos experimentos conduzidos ao longo de três anos, que possibilitaram a identificação da tolerância ao excesso hídrico desta variedade, que a faz indicada para o cultivo em solos arrozeiros”, afirma. Lopes lembra que, além da alta tolerância ao excesso hídrico da Tecirga 6070RR, também se pode aliviar os efeitos danosos da água com ações de manejo, como o plantio em microcamalhões, por meio de uma plantadeira específica.

Rotação
A soja é a cultura mais indicada para iniciar um sistema de rotação com o arroz. A pesquisadora do Irga Claudia Lange lembra que a oleaginosa, por pertencer a uma família botânica distinta da família do arroz, garante, por meio do cultivo intercalado, a quebra de dominância de plantas daninhas, principalmente o arroz vermelho, pragas e doenças. A cultura da soja também contribui para a melhoria da fertilidade do solo, o que beneficia o estabelecimento de plantas de cobertura e de pastagens de inverno, facilitando a adoção da integração lavoura-pecuária, além de viabilizar o emprego do plantio direto no cultivo do arroz irrigado. “São dois sistemas de produção reconhecidamente conservacionistas, que contribuem para a sustentabilidade econômica e ambiental da produção agrícola”, comenta Claudia.

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