Lavoura em movimento

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Pré-germinado: arrozeiros catarinenses buscam outros sistemas para suas lavouras

Cultivo mínimo ganha espaço em Santa Catarina, décadas de
uso sucessivo do
sistema pré-germinado
.

A produção de arroz em Santa Catarina manteve a estabilidade na safra 2013/14. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta no relatório de julho que a área semeada com o cereal foi de 150 mil hectares para uma colheita de 1.067,2 milhão de toneladas, 4,1% a mais em relação ao período anterior.

Por trás dessa fachada de estabilidade, conquistada a muitos investimentos em tecnologia para aumentar a produtividade, a orizicultura no estado apresenta algumas características interessantes. Até a década passada, praticamente 100% do arroz cultivado em SC era no sistema pré-germinado, basicamente pela dimensão das lavouras (pequenas, que facilitam a adoção da técnica) e a reduzida disponibilidade de áreas para cultivo. Este cenário, no entanto, está sofrendo alterações nos últimos anos.

Muitos produtores, após sucessiva utilização do sistema pré-germinado, estão mudando gradualmente para o cultivo mínimo com semeadura em solo seco. “Estima-se que na safra 2013/14 foram cultivados 25 mil hectares de arroz, aproximadamente 16,7% da área plantada no estado, com semeadura em solo seco”, revela o pesquisador Domingos Sávio Eberhardt, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

Ele explica que, diferentemente do Rio Grande do Sul, toda a área disponível para o arroz em Santa Catarina, cerca de 150 mil hectares, é cultivada anualmente, o que dificulta a rotação de culturas e uso de pastagens. “O uso intensivo, associado à elevada infestação das áreas com arroz vermelho, condicionava os arrozeiros ao sistema pré-germinado. Somente a partir da tecnologia Clearfield e de cultivares resistentes aos herbicidas do grupo químico das imidazolinonas aptas para Santa Catarina foi possível fazer o controle químico do arroz daninho e, consequentemente, a semeadura em solo seco”, observa.

As principais vantagens para esta migração de sistemas de cultivo, conforme o pesquisador, estão relacionadas à redução do custo produtivo, principalmente nas maiores propriedades, e à antecipação do preparo do solo. “A semeadura em solo seco reduz a infestação de plantas aquáticas e de outras pragas, como o caramujo, mas também proporciona o desenvolvimento de outras plantas daninhas e insetos, pragas que normalmente não ocorrem no sistema pré-germinado. A Epagri preconiza a rotação de sistemas de cultivo como forma de reduzir a pressão destas pragas”, avalia.

PESQUISAS
A evolução da orizicultura em Santa Catarina está diretamente ligada ao avanço das pesquisas conduzidas pela Epagri e voltadas à melhoria da qualidade de grãos, aumento de produtividade com menor custo de produção e redução do impacto ambiental da lavoura. A empresa trabalha atualmente para lançar uma cultivar CL de segunda geração, apta ao uso nos sistema pré-germinado e cultivo mínimo. De acordo com o pesquisador da Estação Experimental de Itajaí, José Alberto Nodin, a SCS121 CL encontra-se em fase de produção e multiplicação e estará disponível aos produtores para a safra 2015/16.

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