Mapa vai reavaliar custo de produção e preço mínimo do arroz

Kátia Abreu deve confirmar prorrogações e novo preço mínimo semana que vem, na Farsul, em Porto Alegre (RS). E talvez anuncie novos preços mínimos
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Uma reunião na tarde de ontem no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com a presença de técnicos e dirigentes do organismo federal mais o diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz, Tiago Sarmento Barata, o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul, Henrique Dornelles, e o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP/RS), conseguiu evitar o agravamento da crise do setor orizícola no Sul do Brasil. Após cinco anos de congelamento dos preços mínimos, nesta quinta-feira, 17 de junho, seria publicada nova portaria de valores referenciais e de um custo de produção do arroz irrigado muito abaixo da realidade, a partir do modelo de cálculo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os produtores contestaram e suspenderam o anúncio.

Enquanto os rizicultores informam custos superiores a R$ 40,00 por saca de arroz e as entidades indicam – em valores ainda referentes ao final do ano passado e não corrigidos – R$ 35,00 a R$ 38,00, a Conab apontaria custo e preço mínimo abaixo de R$ 30,00. A reunião no Mapa apresentou argumentação técnica suficiente para que o secretário de Política Setorial do Ministério, André Nassar, com o apoio dos presentes, suspendesse o anúncio para o caso do arroz e determinasse o reestudo do caso e dos critérios adotados.

O objetivo dos representantes setoriais não é estabelecer patamares para que o governo federal intervenha no mercado com aquisições nas bases de preços mínimos (seria divulgado R$ 29,70 e a pressão é de que pelo menos o valor alcance R$ 31,40, que já havia sido indicado pela Conab como custo anteriormente). No Rio Grande do Sul houve casos de arroz comercializado abaixo de R$ 30,00 e em Santa Catarina até por R$ 28,00. A meta das lideranças, com o apelo, é estabelecer novos referenciais para as linhas de crédito oficiais de comercialização e custeio, para as garantias e também os seguros agrícolas.

O patamar mínimo de R$ 31,40 também representaria uma espécie de “piso” psicológico para o mercado. Não é o ideal, mas sem dúvida é bem melhor do que a situação atual, com o mercado abaixo destes patamares em alguns negócios reportados.

KÁTIA – O novo valor, que ainda será alvo de estudo do Mapa, deve ser anunciado na próxima semana, na Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul pela senadora Kátia Abreu, ministra da Agricultura. Ela também formalizará o anúncio de prorrogação das parcelas de custeio da safra passada pelo Banco do Brasil, da parcela de dívidas renegociadas para um ano após o último vencimento, e que os demais bancos, exceto o Sicredi, devem acompanhar a posição do Banco do Brasil quanto à prorrogação de custeio.


MERCADO EXTERNO

Tiago Sarmento Barata e Henrique Dornelles também estiveram com representantes do governo federal para acompanhar a evolução dos acordos comerciais e sanitários com países potenciais importadores. “A expectativa é de que até o final do mês tenhamos novidades neste sentido, pois houve evolução nas tratativas internacionais. Neste momento a balança comercial positiva favorece a gradual recuperação dos preços e o esforço também é neste sentido”, revela Sarmento Barata, do Irga.

Já o presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, se diz motivado com a evolução das tratativas com o governo, entre elas a liberação de um terminal portuário privado exclusivamente para os embarques de arroz. “Existem diversas negociações e reivindicações junto ao governo que demoraram mais do que desejávamos, mas começam finalmente a dar algum resultado prático para a melhora do mercado”, reconhece.

8 Comentários

  • Preço mínimo com piso “psicológico” ? essa é boa . Será que as industrias, vão se adaptar a este ” novo” fator para elaboração de preços ao produtor ?
    Pelo visto as entidades de classe precisarão contratar psicólogos para auxiliarem nas negociações´com este governo que está aí.

  • Há muito tempo que esse preço mínimo não serve de referência para nada… Absolutamente nada (a não ser para determinar as quantidades de arroz para as garantias de egfs e agfs)… Ou alguém será louco de vender arroz para o governo novamente depois do que aconteceu ano passado e retrasado com a intervenção de leilões para aviltar nossos preços??? O Irga e a Federarroz fizeram um levantamento pelo Estado e com base nesses valores há algum tempo atrás apontei que para quem colheu 260 por quadra, o custo era de R$ 40,40… Então como é que podem achar R$ 10 de diferença de custos (R$ 31,70), mas me expliquem, me desenhem isso??? Lamento a política do nosso governo… Lamento que políticos que deveriam estar do lado dos produtores estão se “achicando” para o governo… É muito triste que não haja compromisso e respeito com a classe produtora… Em junho de 2003 o arroz valia R$ 43,00… Se aplicarmos o INPC de lá para cá o arroz deveria estar valendo R$ 72,40… Pergunto mais uma vez: QUEM QUEREM ENGANAR COM ESSA POLÍTICA DO FOME ZERO??? Renda na agricultura gera circulação de bens e mercadorias, gera empregos, gera tributos, gera riqueza, gera crescimento econômico… Parece que esse governo não quer combater a recessão, mas apenas estancar o consumo encarecendo juros, enriquecendo bancos e investidores… Que forma absurda de ver a economia… Serão 10, 20 anos de estagnação… de miséria… Que absurdo isso gente !!! Deixo bem claro aqui que não tenho preferência política… Não defendo nenhuma ideologia… Defendo sim o progresso, o trabalho, o capital e o crescimento da economia… Para dividir renda tem que ter renda… ESTÃO MATANDO A GALINHA DOS OVOS DE OURO DE PAÍS QUE É AGRICULTURA !!! A economia como um todo está falida… As montadoras estão demitindo em massa… O comércios e as indústrias também… A economia está parando… E agora querem liquidar com quem responde com quase 30% da economia do país… Não pensem que os produtores das outras culturas estão bem das pernas que não estão… Aos políticos fica o meu alerta: ABRAM BEM OS OLHOS PORQUE A SITUAÇÃO É BEM MAIS CRÍTICA DO QUE VOCÊS PENSAM… PROCUREM SE INTERAR DA REALIDADE DO SETOR ORIZÍCOLA… Trabalhem menos para a indústria, para os bancos, para o varejo, para o povão, e bem mais para os produtores… Produtor abandonado é certeza de setor enfraquecido… Isso não brincadeira gente… A corda vai rebentar e vai levar todo mundo junto… COMPETENTES E INCOMPETENTES !!!

  • É uma pena , existe um abismo entre os produtores e suas entidades representativas, sejam de classe ou políticas. Na Abertura da Colheita deste ano , antes do aumento da energia elétrica e dos combustíveis, já se falava em custo de mais de R$ 5.500,00 por hectare. A R$ 31,40, representa algo como 8.700 kg de produtividade somente para arcar com custos. E ficam em reunióes intermináveis para tratar de assuntos que a prática já demonstrou estarem ultrapassados. Sim , contra leis de mercado, não se pode competir. Agora, ver as pessoas que se dizem defensoras da classe, discutindo teorias, é intrestecedor. Senhores deputados, gastem suas energias para produzir uma Política Agrícola de longo prazo. Prezadas entidades, ouçam o que o produtor tem a dizer. Sim, o produtor de arroz está sem voz. Foi o que presenciei no anúncio da Carta de Cachoeira, onde 550 assinaturas , não tiveram eco. Enfim, eficiencia DEZ, eficácia ZERO.

  • DEVERIA HAVER PREÇO MINIMO PARA A COMERCIALIZAÇÃO DO ARROZ, OU SEJA, UM FARDO NÃO PODERIA CUSTAR MENOS DO QUE R$ 65,00.
    Arroz é muito barato, ninguém se importa de pagar R$ 6,75 numa carteira de cigarro R$ 8,00 numa garrafa de cerveja no barzinho, R$ 25,00 numa pizza, mais acham um absurdo pagar R$ 4,00 num pacote de arroz….NÃO ME FAÇAM PEGAR NOJO!!!!!!

  • É seu Antonio Paulo, nisso o amigo tem razão, o arroz é muito barato. Pagam o equivalente a mais de 2 kg de arroz em uma carteira de cigarro para se envenenar e vão ao mercado e reclamam dos preços dos alimentos básicos.
    Isto mostra claramente o nível de alienação e de desinformação em que boa parte de nossa população vive.
    Sofremos há décadas da falta de uma politica agrícola digna, que gerenciada por um governo competente e sério também levaria ao consumidor preços de alimentos básicos condizentes com a realidade agrícola e industrial do nosso país.
    Todos somos penalizados por desmandos governamentais, agrícultura e também industrias sérias que tentam trabalhar honestamente, mesmo com uma carga monumental de impostos.
    No RGS as indústrias (as formadoras de preço) a muitos anos infringem aos produtores, preços oscilantes, conforme a oferta, num futuro próximo quem sabe, quando nascerem uma nova geração de presidentes e diretores de indústrias de arroz com Q. I. mais elevado, que se deem conta que não é jogando os preços sempre para baixo qdo existe oferta, conseguiram preços mais estáveis junto ao atacado, pois o atacadista sabe que a industria esta comprando a um preço mais baixo e com isto aumenta a pressão baixista na hora da compra, fazendo-as entrarem em confronto por preços mais atraentes.

  • Preço mínimo para comercializar arroz beneficiado? Tenham a santa paciência, que bobagem. Esta ultrapassou todas os limites!

  • Porque pode existir preço minimo para arroz em casca e não pode ter para arroz beneficiado? é por isso que a cadeia de arroz é fraca, pois tem gente que só olha o próprio rabo mesmo…..

  • Sinto muito seu Antonio Paulo, mas o seu comentário está endereçado à pessoa errada, pois eu defendo há muito tempo a estinção do preço mínimo, por entender que esse mecanismo mais prejudica do que ajuda o produtor. Ultimamente tem servido para o governo fazer estoque e quando o preço quer dar uma melhoradinha ele vende parte desses estoques em prejuízo dos produtores. Já comentei isso aqui várias vezes. E nunca nesse nível de delicadeza como o senhor fez.

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